domingo, 24 de fevereiro de 2013

Poesia



Sobre o que trata Ratatouille?

Sobre Amor, que nesse caso vem com o subtítulo de Animação e com a essência da Arte.

Brad Bird/Pixar nos lembram a beleza de não poder explicar. Assim como não podemos explicar o olhar de Sully ao reabrir a porta do quarto de Boo, ou como não podemos explicar a tristeza de Dori ao saber que não pode esquecer Marlin (mas que irá esquecê-lo, a não ser que aconteça um milagre), ou como não podemos explicar o campo/contracampo de Andy-todos-nós e Woody enquanto Andy explica para Bonnie que Woody jamais desiste de você.

É que explicar lágrimas tem algo de vulgar, de tirânico. Daí não explicar, nesses casos, ser um contato tão direto com a liberdade.

Podemos analisar cada frame de Ratatouille e constatar a excelência técnica de Bird e do estúdio que mudou nossas vidas nesses últimos quase 20 anos, podemos celebrar a montagem, a edição, os planos-sequência, a trilha sonora, o roteiro - mas no fundo do nosso coração sabemos que cada um desses elementos só têm a força que têm pela nossa completa incapacidade de racionalizar e sistematizar o todo que os rege.

Quero para sempre jamais dominar Ratatouille.

E quero nunca esquecer que das várias belezas da arte, talvez a mais exuberante seja a sua rebeldia de poder vir de qualquer lugar.