sábado, 22 de dezembro de 2012

O Som e a Fúria



Acho que a cena chave de As Vantagens de Ser Invisível é aquele momento em que Sam explica por que os garotos ingênuos são os piores: porque seus pais gostam deles e você nunca espera que eles ataquem. 

E, uma hora, eles atacam.

Provavelmente meus pais não veriam o menor problema em eu assistir esse filme aos 16 anos e eu acharia ele um filme muito legal sem me dar conta do mal que ele, secretamente, estaria me fazendo. Talvez porque a adolescência seja justamente essa inconsciência do quanto cada uma daquelas coisas mínimas e trágicas e alegóricas serão, de uma forma ou de outra, carregadas por nós para sempre.

As dores sempre relegadas ao extracampo, os closes apaixonados em Emma Watson, a iluminação sentimental de uma época em que tudo é excessivo, a montagem paralela que todo adolescente é obrigado a fazer para começar a construção do adulto que ele será, a câmera que flutua ao som de Heroes.

As Vantagens de Ser Invisível é um voo, onde, sem dúvida, muita coisa passa rápido demais, muita coisa é vista pela metade, muita coisa ganha atenção demais - mas me seria extremamente absurdo assistir a um filme sobre ter 16 anos que não se entregasse a excessos. Temos uma vida inteira para ser comedidos e racionais, e como certo russo disse uma vez "o homem que não se permite a paixão na juventude é mais tolo que o mais ridículo apaixonado".

Se podemos ser heróis, mesmo que só por um dia, por que dizer não?