2011, ano pessoalmente canalha, mas esteticamente
interessante – vamos à lista!
A DOCE VIDA – Assisti-lo, em
película, foi ser nocauteado pela beleza só possível no cinema. Foi ter certeza
de que existe algo no humano muito maior que o humano. Foi sair do cinema e
querer morrer abraçado a um amigo. Não gosta desse filme? Desculpe, mas desista
do cinema, pois não há nada nele pra você.
O REI LEÃO – A recordação é,
talvez, a forma mais contundente de celebrar uma imagem – é como transformamos
a imagem em sangue e sentimento. E o que é O Rei Leão se não a recordação exata
do que já fui e daquilo que viria a ser? Último épico do estúdio que foi meu
útero cinematográfico, despedida de uma certa forma de fazer animação, obra que
provavelmente enlouqueceria John Ford e deixaria Tarkovsky com inveja da câmera
sem limites da animação. Eterna. Lágrimas. Coração.
CÓPIA FIEL – Tem verdades que só
vem com a mentira. Tem belezas que são oblíquas e certas coisas só se entende
dissimulando. Certas imagens só se completam se sobrepostas. Como disse um
crítico “Cópia Fiel deixa de ser grande para ser infinito”. É: infinito.
UM LUGAR QUALQUER – Poesia do
abandono. Evidenciar beleza do vulgar. Dar a partida de um homem morto através
da luz e do movimento de uma ninfa. Fazer música com o alarme de um carro.
Criar hamonia com o som do Guitar Hero. Abraçar o coração com um zoom-out.
HOW I MET YOUR MOTHER – Prova que
não existe formato esgotado, apenas mentes esgotadas. Que, quando se trata de
sensibilidade, não importa se falamos de humor ou drama, de cinema ou TV. Que a
montagem pode fazer milagres e que saber quando cortar para a próxima cena muda
a cena que veio antes e prepara (ou não) para a cena que virá depois. Assistam
e aprendam.
BRAVURA INDÔMITA – Beleza da
pedra. Sem mais.
ÁRVORE DA VIDA – A importância de
errar pra superar a perfeição e atingir a Verdade.
EMILY DICKINSON – Milagrosa. Pura
luz. Gostaria de morar na poesia dela.
MOBY
DICK – Daqueles livros que poderiam começar uma religião. Daqueles que se
tornam referência pessoal para compreensão alheia. Monumental. Inescapável.
SALLY MANN – Ressignificou a
palavra expressiva. Rigor maternal.
Existe algo que só (n)as crianças... !
(Obviamente, nem tudo aqui foi produzido em 2011 - se trata, simplesmente do que eu vou levar deste ano)