tag:blogger.com,1999:blog-54947577624691416522024-02-21T10:01:44.269-03:00,ainda bem que o que vou escrever já deve estar na certa de algum modo escrito em mimFelipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.comBlogger63125tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-69076039455116595052013-11-01T02:09:00.003-03:002013-11-01T02:09:55.577-03:00L'enfant terrible<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDBk_fYyBl1_-yWkoVZoRv5aSByWMV39ojI_txU5LgNg_V4f-DtngszeaV3UPgk_JixfDKwfrBDzbBmP6O8Tq5Qvnd_cVudVtoAN2a8Hs0dPdlnb3Tk8Tyr02oFv-xPjIzdSCUpcW33U4H/s1600/314195_269161233203425_1849619727_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDBk_fYyBl1_-yWkoVZoRv5aSByWMV39ojI_txU5LgNg_V4f-DtngszeaV3UPgk_JixfDKwfrBDzbBmP6O8Tq5Qvnd_cVudVtoAN2a8Hs0dPdlnb3Tk8Tyr02oFv-xPjIzdSCUpcW33U4H/s640/314195_269161233203425_1849619727_n.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
Fiquei em silêncio nas outras duas vezes que Mateus Moura fez um filme. O motivo: achava que eu estar diretamente envolvido na produção me desqualificava para escrever a respeito; achava que minha opinião estava contaminada pelas experiências de alegria e satisfação que tive ao participar da produção de "D. Juan" e "Primeiro".<br />
<br />
Mas cansei do silêncio. Comecei a achar uma questão de honra me pronunciar em puro agradecimento pelo convite que me foi feito para viver mais uma vez a aventura* de fazer um filme - que sempre é, antes de tudo, um ato de amor.<br />
<br />
"A Ilha" foi, desde o dia em que Mateus me falou dele, um filho muito amado. Presenciei ele deixar de ser uma conversa entre amigos e se tornar viagens a Cotijuba, materiais de produção pesados, o prazer de conhecer Rodolfo, Raquel, Kid, Carline, Rosilene e, por fim, filme. Assisti, inflado de carinho, o crescimento daquela ideia.<br />
<br />
Então assisti "A Ilha".<br />
<br />
"Foi esse filme que ajudei a fazer?", pensei perplexo, "Quando ele se tornou isso? em que momento se deu a transformação que o levou a ser aquilo que ele é?"<br />
<br />
Descobri recentemente um conceito freudiano (acho) que se chama "unheimlich", e que se trata do familiar estranho; o estranho que um dia foi familiar e que então retorna como força selvagem, como ameaça.<br />
<br />
"A Ilha" voltou desfigurada - esperava reencontrar a ideia que amei durante toda a produção do filme; me deparei com um bicho cinematográfico que me devorou ao invés de me afagar.<br />
<br />
E nada poderia ter me preenchido de maior satisfação.<br />
<br />
Porque foi não reconhecendo "A Ilha" que pude, enfim, habitá-la. Foi no contato com sua dimensão obscura e irascível (personificada no corpo, na voz e no espírito de Rosilene Cordeiro) que me embasbaquei com a experiência de participar de algo que me ultrapassa e aniquila.<br />
<br />
Assim como o casal vítima daquilo que não pode ser explicado, fui jogado na loucura do desespero, na esperança da vingança, para que no fruto oferecido pelo marido à esposa devastada pelo absurdo eu me recompusesse apenas para lembrar que "a vida come a vida".<br />
<br />
Por tudo isso quero dizer olhando nos olhos infinitos d'A ilha: me perdoe por acreditar que eu te compreendia e, obviamente, te limitava; e permita-me te celebrar por tua indiferença ao meu amor de pai e tua liberdade em implodir a pretensa ordem de meus dias.<br />
<br />
<br />
*Para entender o que significa "aventura" favor assistir "Up" de Pete Docter.Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-9279230553732907892013-08-06T03:05:00.002-03:002013-08-06T13:25:14.918-03:00Fazer, perceber o tempo<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR9sBIFlTnh4Ux_L1bNd9Qtct19TvHjQUf8ubm5EGXC2z-pJK7FnELHkhiDIJ127kabyHAkSgf9vrYb3lTncp8QX_Cb7NNp1Qnpl6GDWZCKJcK99-NlXpotYIj1q0qBNl7b4RS6XMx0FAk/s1600/celine.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR9sBIFlTnh4Ux_L1bNd9Qtct19TvHjQUf8ubm5EGXC2z-pJK7FnELHkhiDIJ127kabyHAkSgf9vrYb3lTncp8QX_Cb7NNp1Qnpl6GDWZCKJcK99-NlXpotYIj1q0qBNl7b4RS6XMx0FAk/s400/celine.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUH7ae6yi5WxfOrW1TRG1VSW1Bbx4w0AGyArU17eoXpa-QXswH4gIkFf4kyf6HNb-O1jWvKfFjIzEOgr6wvf7mJKZ2ne8SvQuSgQ0LHcla8y06sEarBjF70zE-OQ1WCSk2Irg8BRcH5W1/s1600/jesse.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUH7ae6yi5WxfOrW1TRG1VSW1Bbx4w0AGyArU17eoXpa-QXswH4gIkFf4kyf6HNb-O1jWvKfFjIzEOgr6wvf7mJKZ2ne8SvQuSgQ0LHcla8y06sEarBjF70zE-OQ1WCSk2Irg8BRcH5W1/s400/jesse.png" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem nós não haveria o Tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele depende de que nós expressemos sua existência, sua pisada, sua ditadura. Ele depende de que nós o deixemos ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, somos instrumentos - mas instrumentos recriadores, pois reinventamos nosso autor, o reinterpretamos. E é assim que, subitamente, 9 anos se tornam um buraco negro para dentro do qual foi sugado tudo o que antes acreditávamos ser e o que éramos então. É assim que 9 anos sepultam uma vida, mesmo que seja para fazer nascer, à força, uma outra. É assim que ganhamos senso histórico de nós mesmos e que as insignificâncias se acumulam até romper a barragem que o sonho juvenil constrói para proteger nossos corações da triste constatação: tudo passa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já me é impossível, há algum tempo, dizer o que se trata de <i>Antes do Amanhecer </i>e <i>Antes do Pôr do sol</i>, e o que se trata de mim, Felipe Bruno Silva da Cruz, 25 anos, tão instrumento do tempo quanto Jesse e Celine.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí a crise desesperada de reencontrá-los, pela primeira vez de fato 9 anos depois: é que o Felipe de 25 não estava de todo preparado para dar adeus ao Felipe de 16. Mas agora é tarde, jamais seremos o mesmo um para o outro, porque das infindáveis qualidades de <i>Antes da meia-noite</i> a mais contundente é a de ter me reescrito, me reinventado. Como só o tempo poderia fazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i>"Still there, still there, still there. Gone."</i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Os pelos ruivos da barba de Jesse que brilhavam à luz do sol se foram, a voz doce e melancólica de Celine acompanhada por um violão silenciou, o abraço que se certificava que Jesse não se dissolveria em moléculas não chega. <i>Antes da meia-noite</i> é uma coletânea de ausências e um quase total soterramento da jovialidade onírica daquela inacreditável noite em Viena. E o que corta mais fundo na carne é sentir que, dos três filmes, este é o mais inevitável.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O longo plano de Jesse assistindo Hank partir, a conversa com amigos em que Celine e Jesse podem fazer pouco mais do que se darem conta daquilo que seu relacionamento não é, a caminhada pela cidade que demora a sair e que, quando sai, é para que um não caminhe ao lado do outro, a redução das ruas e parques de Viena e Paris a um claustrofóbico quarto de hotel, de uma impessoalidade que leva às lágrimas qualquer um que se lembra do poder de ressignificar qualquer ambiente (um cemitério, um café, uma estátua, um barco no rio Sena) que Jesse e Celine possuíam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É, então, tudo perda? Tudo vazio? Tudo morto? Não, claro que não. Para o nosso próprio bem, não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A verdade é que não sei, jamais terei certeza, mas não estou preparado pra dizer que tudo se foi, não dá, não posso, é perder muito só de uma vez - por isso resolvi inventar uma verdade, como o Jesse fez:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O tempo é reversível. Nós podemos voltar e depois seguir adiante. Uma história de amor não é linear, ela pode terminar bem antes de começar, e o começo pode ser aquilo que só é possível quando tudo acaba. Por favor, acreditem. É preciso. Podemos reverter a realidade, por uma noite, por um dia, por um filme, por uma vida. Não me digam que depois tudo volta, porque é óbvio que volta, mas é pra isso que fomos dotados dessa coisa chamada <i>persistência</i>, que é um jeito mais corajoso de ser burro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É só na fabulação que podemos encontrar alguma verdade, não tem jeito, a realidade é a coisa mais falsa que existe. Sendo assim, que bom que a Celine mandou uma carta do futuro para ela mesma, que bom que o Jesse encontrou a carta e que bom que ele leu a carta para a Celine do presente, bem a tempo dela ainda acreditar em algum tipo de futuro. Que bom que o filme não acaba com aquele sequíssimo "Eu não te amo mais". Que bom que, enquanto Jesse olha para um horizonte e Celine para outro, separados como nunca estiveram mesmo quando achavam que nunca mais iam se encontrar, Richard Linklater não cortou e subiu os créditos. Que bom que Celine virou o rosto para Jesse e disse que a noite adivinhada na carta, que ainda estava por vir, seria maravilhosa. Que bom que o último movimento da câmera é um zoom-out, que inclui a cada um de nós naquela cena tão ampla, tão eterna, tão imprescindível para a resistência de algum brilho: seja o brilho promissor do amanhecer ou o crepúsculo agonizante da tarde.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Somos instrumentos criadores do tempo. Jesse e Celine reinventaram aquilo que os inventou. E, mais uma vez, o mundo não será mais o mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGp5hrKHbMWzuDRNYR-JSsQvN4lUo4t55T-iFpEOlT4NKXKWgONqCVLYIYlF0PCt9HT1BzV0ucA09LFPY4O_BkM-huhQQmj5ydBhayxIcF-kJOlXwOO1XdzZZLdOclH6uESiIv70v4_CT4/s1600/jesse+e+celine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGp5hrKHbMWzuDRNYR-JSsQvN4lUo4t55T-iFpEOlT4NKXKWgONqCVLYIYlF0PCt9HT1BzV0ucA09LFPY4O_BkM-huhQQmj5ydBhayxIcF-kJOlXwOO1XdzZZLdOclH6uESiIv70v4_CT4/s640/jesse+e+celine.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i> </i> <i> </i></b></div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-86361178679937512542013-02-24T16:16:00.001-03:002013-02-24T16:16:29.030-03:00Poesia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6zEUXQMIzOs4T1K5rFnH-s9ywsxpKRjyR4wh7RoPlrnR2o9lmFdf7ZBgqDzGfK97kQ1yaP0ZALFUO8HgTMok0FzT-KJ0SUOJpdeC9nZ0igjVuHITLHaoL0UlNGWmW4NzwW9qiotgoZ0bw/s1600/ratatouille.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6zEUXQMIzOs4T1K5rFnH-s9ywsxpKRjyR4wh7RoPlrnR2o9lmFdf7ZBgqDzGfK97kQ1yaP0ZALFUO8HgTMok0FzT-KJ0SUOJpdeC9nZ0igjVuHITLHaoL0UlNGWmW4NzwW9qiotgoZ0bw/s640/ratatouille.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
Sobre o que trata <i>Ratatouille</i>?<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Sobre Amor, que nesse caso vem com o subtítulo de Animação e com a essência da Arte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Brad Bird/Pixar nos lembram a beleza de não poder explicar. Assim como não podemos explicar o olhar de Sully ao reabrir a porta do quarto de Boo, ou como não podemos explicar a tristeza de Dori ao saber que não pode esquecer Marlin (mas que irá esquecê-lo, a não ser que aconteça um milagre), ou como não podemos explicar o campo/contracampo de Andy-todos-nós e Woody enquanto Andy explica para Bonnie que Woody jamais desiste de você.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É que explicar lágrimas tem algo de vulgar, de tirânico. Daí não explicar, nesses casos, ser um contato tão direto com a liberdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Podemos analisar cada frame de <i>Ratatouille </i>e constatar a excelência técnica de Bird e do estúdio que mudou nossas vidas nesses últimos quase 20 anos, podemos celebrar a montagem, a edição, os planos-sequência, a trilha sonora, o roteiro - mas no fundo do nosso coração sabemos que cada um desses elementos só têm a força que têm pela nossa completa incapacidade de racionalizar e sistematizar o todo que os rege.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quero para sempre jamais dominar <i>Ratatouille</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E quero nunca esquecer que das várias belezas da arte, talvez a mais exuberante seja a sua rebeldia de poder vir de qualquer lugar.</div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-38687647827203417672013-01-21T00:36:00.000-03:002013-01-21T00:50:09.832-03:00Era uma vez,<div style="text-align: left;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">um príncipe chamado Victor. Dos muitos dons com os quais
nascera, talvez o mais fascinante fosse sua capacidade para o belo. Os olhos de
Victor eram uma extensão direta de seu coração (que é uma das formas de dizer “alma”)
e justamente por isso cada imagem que perpassava sua mente prodigiosa era
repleta de afeto e luminosidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Os olhos de
Victor eram tão grandes que um dia foi necessário que se transformassem em
outras coisas: uma casa isolada na campina, um cinema perdido em uma pequena
cidade, uma mulher que de tanta saudade não podia permitir-se a nostalgia, um
homem solitário e aterrorizado por sua colméia, uma menina que descobre com
prazer sua capacidade para a maldade e uma outra menina, menor que esta, que se
tratava de um dos seres mais belos que qualquer olhar já produziu. E havia,
também, um monstro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Cada um
desses pequenos pedaços dos olhos de Victor estavam envoltos em uma luz de puro
mel – doce, dourada, perene. E o pedacinho que agora se chamava Ana via, subitamente,
diante de si, a possibilidade de um amigo; e não, não importava que fosse
inventado, que fosse um monstro ou que fosse a morte. Era, pois, antes de tudo,
uma mão gentil, que mesmo que a estrangulasse o faria repleta de ternura. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Então atraída por aquilo que não
compreendia (que podemos chamar maldade, mas que quase sempre trata-se de
mistério) Ana caminhou o quanto pode, com sua maletinha vermelha e suas
esperanças pesadas, passando pelo calvário do medo e da tristeza, até
encontrar-se, enfim, com seu amigo monstro (que, sim, mesmo sem saber também
procurava por ela todo esse tempo).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">E do fundo
de seu pequeno corpo brotou aquela vontade de não existir que tanto acomete as
crianças – ou, pelo menos, de não existir daquela forma, fazendo com que ela se
refugiasse no esconderijo favorito de toda criança: o impossível.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Talvez você
se preocupe, perguntando-se se o príncipe Victor não se incomodou de se dividir
em tantas pequeninas partes. Mas fique tranqüilo, o amor só é possível
compartilhado – mesmo quando junto a ele vem um tanto de solidão, e um tanto de
melancolia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Não
se sabe se todos os desdobramentos dos olhos de Victor viveram felizes para
sempre, mas se me permitir que eu diga o que penso que aconteceu, leia o que
vem a seguir: acredito que tudo o que esses olhos criaram tornaram-se o que
chamamos de eterno e que nos tristes olhos de Ana ainda brilha o reflexo de seu
monstro amigo. E aquilo que brilha em nossos olhos o tempo não é capaz de
apagar.</span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18px; text-align: start;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18px; text-align: start;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiimFDJ_l4sZdX2xZ3i4qcXB8RYl1UCkjhpBuIOZP95xkbXUrtMsGL3WeWNDogSBnHJ2qJpqZ0xshu55vjXk803QAsHeO_S5Pyh5M76LXMjRdv8ft92fv8CFNtzeHlMjZCEls8I29JaxhmD/s1600/o+espirito+da+colmeia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiimFDJ_l4sZdX2xZ3i4qcXB8RYl1UCkjhpBuIOZP95xkbXUrtMsGL3WeWNDogSBnHJ2qJpqZ0xshu55vjXk803QAsHeO_S5Pyh5M76LXMjRdv8ft92fv8CFNtzeHlMjZCEls8I29JaxhmD/s640/o+espirito+da+colmeia.png" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: small;"> </span><i>O espírito da colmeia, </i><span style="font-size: small;">de Victor Erice: um filme que assistirei a vida toda.</span></span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-27911189385224230472013-01-14T12:43:00.003-03:002013-01-14T12:47:19.323-03:002012O ano de 2012 na forma de expressão. O que ficou do ano que quase não foi, foi:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtNZ3mQ2e3Pd3le7iO1r0fGAgWiy5ceylAXsX_gJ6gnPlmuwiDJVb7cPkE8VvXi2qpOSHaUVMXoAnSXBBNWRwAQGD6VNyNpzn7pO-HdcVmGwuNlLpo0AEIxh1Huh0EX3NUpEGPEO13kKGC/s1600/wislawa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtNZ3mQ2e3Pd3le7iO1r0fGAgWiy5ceylAXsX_gJ6gnPlmuwiDJVb7cPkE8VvXi2qpOSHaUVMXoAnSXBBNWRwAQGD6VNyNpzn7pO-HdcVmGwuNlLpo0AEIxh1Huh0EX3NUpEGPEO13kKGC/s400/wislawa.jpg" width="266" /></a></div>
<br />
<b><i>Poemas</i>, Wislawa Szymborska - </b>Livro salva-vidas do ano. Cheio de milagres. A essência não se perde na tradução. Os poemas que eu gostaria de ter escrito. Carta de amor à humanidade. Palmas.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0y4NPXPbvF0ep2xP_AZevvWCgUFL0xwK2_cgrWCUQ-7mbtgQtcU78LUfU48va8PgMNlInvoSvvjXwCNqqtdoQRX2nwW8LcMNs6ZWeBosxoJwkWx7Todnk9FZULfz6FAhHwrBFlXcxHeZo/s1600/camila+pitanga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0y4NPXPbvF0ep2xP_AZevvWCgUFL0xwK2_cgrWCUQ-7mbtgQtcU78LUfU48va8PgMNlInvoSvvjXwCNqqtdoQRX2nwW8LcMNs6ZWeBosxoJwkWx7Todnk9FZULfz6FAhHwrBFlXcxHeZo/s400/camila+pitanga.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<b><i>Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, </i>Beto Brant e Renato Ciasca - </b>O corpo e o espírito de uma mulher que é o paraíso e o inferno. O prazer de filmar Lavínia/Camila. Uma mulher é uma mulher. O tempo de um plano deve respeitar sua respectiva e singular beleza.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSX9cq5SxOaCLgL3qHTVb-mA5DfKJuef86yzMKw_OiKJExas8_485bJktQ340_cca1gDQ_U-E4cW_SmtVX1By6kx-QrktnGVh61Iqpi3YES839_zrL2drAxF6iaXRG14a4KJfUd2h6Or6w/s1600/flannery.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSX9cq5SxOaCLgL3qHTVb-mA5DfKJuef86yzMKw_OiKJExas8_485bJktQ340_cca1gDQ_U-E4cW_SmtVX1By6kx-QrktnGVh61Iqpi3YES839_zrL2drAxF6iaXRG14a4KJfUd2h6Or6w/s400/flannery.jpg" width="400" /></a></div>
<b><i><br /></i></b>
<b><i>Contos completos, </i>Flannery O'Connor - </b>Gênio do mal. O fel da verdade que apenas a mentira encerra. O sereníssimo bater de asas do anjo da maldade. A palavra é uma arma - que, sim, mata. Inconsequente. Extremamente perigosa.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTJTbqzdJfg5HUoV7S5ZCoWugOLxvk57CPDZk0AlkUUz5ykiDLbyDgJCP9p7Gxyyk4Wwvb8OVnP6S2haR6WFf7IvmK-t9EO8JOaT9CrUFYkOf_s7bZifideTLeulm9y0Ug2LSMko9ASTET/s1600/moonrise.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTJTbqzdJfg5HUoV7S5ZCoWugOLxvk57CPDZk0AlkUUz5ykiDLbyDgJCP9p7Gxyyk4Wwvb8OVnP6S2haR6WFf7IvmK-t9EO8JOaT9CrUFYkOf_s7bZifideTLeulm9y0Ug2LSMko9ASTET/s400/moonrise.jpg" width="400" /></a></div>
<b><i><br /></i></b>
<b><i>Moonrise kingdom, </i>Wes Anderson - </b>A beleza de sonhar. Fugir é uma necessidade espiritual. A liberdade de não amadurecer. Câmera-flutuante. Nada mais comovente do que reconhecer-se no outro. C'est le temps de l'amour.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhesprMztIItO2D-IC-1kWvhFQ_XIHJMdk0XzjfxDbNHIkOJ1VC0GHzNv8UZ3r7qaaMBFRYcJIc7syUJip8wtGS4D2xu0ADrpEhhFfWiQwzKI_XOoO_L6damIlXvDZe6uh70iyi-XD7aaxV/s1600/sylvia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhesprMztIItO2D-IC-1kWvhFQ_XIHJMdk0XzjfxDbNHIkOJ1VC0GHzNv8UZ3r7qaaMBFRYcJIc7syUJip8wtGS4D2xu0ADrpEhhFfWiQwzKI_XOoO_L6damIlXvDZe6uh70iyi-XD7aaxV/s400/sylvia.jpg" width="266" /></a></div>
<br />
<b><i>Ariel, </i>Sylvia Plath - </b>A verdade é que não há rima que abarque a poesia. Sylvia nasceu pra ser poesia.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGPG6IjyAA3OhgtlTaHdnW92FFPCX5zGuG1zPWL0zWQGP3P0xmORyogmjgqnijZ_BMgTyvJILd2f7SivGELa-my64s1eggFyN6GBW0hK36PekqdpJ3qoQLZ47Y_9PPzUL8xpMRISjIszDo/s1600/blue_valentine.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGPG6IjyAA3OhgtlTaHdnW92FFPCX5zGuG1zPWL0zWQGP3P0xmORyogmjgqnijZ_BMgTyvJILd2f7SivGELa-my64s1eggFyN6GBW0hK36PekqdpJ3qoQLZ47Y_9PPzUL8xpMRISjIszDo/s400/blue_valentine.png" width="400" /></a></div>
<b><i><br /></i></b>
<b><i>Blue valentine</i><span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: x-small; font-style: italic;">, </span><span style="font-family: inherit;">Derek</span></span></span></b><span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b> Cianfrance - </b>Foi difícil seguir em frente depois desse filme. Não há bom gosto quando o amor acaba - apenas raiva e frustração. Eles não tem mais nada pra dizer um ao outro. Apenas terminou.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhluHmrw0uCMQADYonZoZifcaZkto8MFZ0sTfqi-qWUOrI4bA5av2UkPi9Af0dwNMknzDR6YILSbWpmJaG40EX_nrC5HoMrBGp7nA68UZ1Yi2ZrQIvxXDqqtwZrPESJ9TjUoLDnLZK5FnWi/s1600/erasmo+de+roterd%C3%A3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhluHmrw0uCMQADYonZoZifcaZkto8MFZ0sTfqi-qWUOrI4bA5av2UkPi9Af0dwNMknzDR6YILSbWpmJaG40EX_nrC5HoMrBGp7nA68UZ1Yi2ZrQIvxXDqqtwZrPESJ9TjUoLDnLZK5FnWi/s400/erasmo+de+roterd%C3%A3.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i><br /></i></b></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, </i>Evandro Affonso Ferreira - </b>É possível ler e fazer literatura. Marguerite Duras ia sorrir. O parágrafo que vale uma vida.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGEly-wtnqY4zy2UHB8rdZP_K5TfMDdHscd2LfQe29e_2KrgJrayOzzeL2reulNkdPhwnhFU_OoAnEj5eCBiJkRu9A_A4IT59nyCOSzW1SDQSPUU4B4a7QlX8AzZsPtzDkK9ew3kUIJj3/s1600/mad+men.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGEly-wtnqY4zy2UHB8rdZP_K5TfMDdHscd2LfQe29e_2KrgJrayOzzeL2reulNkdPhwnhFU_OoAnEj5eCBiJkRu9A_A4IT59nyCOSzW1SDQSPUU4B4a7QlX8AzZsPtzDkK9ew3kUIJj3/s400/mad+men.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>5ª Temporada de Mad men, </i>Matthew Weiner - </b>A temporada das despedidas. O retorno às trevas. A quase-redenção de um condenado.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9mSsnSIQU-Spg_PcYpWxWyWe87iM3_UPRllkC-ddWlIElDB_CG6K9p2ZsgI0vqVnjhz4hpAm3fKKMMYQZDzfH-rTG6lV0PmSTLKPanzNLvfPYhVGP2aGyxAi-RSgC39X8Qs70wUzPlJOF/s1600/nadja2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9mSsnSIQU-Spg_PcYpWxWyWe87iM3_UPRllkC-ddWlIElDB_CG6K9p2ZsgI0vqVnjhz4hpAm3fKKMMYQZDzfH-rTG6lV0PmSTLKPanzNLvfPYhVGP2aGyxAi-RSgC39X8Qs70wUzPlJOF/s400/nadja2.jpg" width="273" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Nadja, </i>André Breton - </b>A mulher é o impossível.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmr_SNvxr3xPvzdng8bpxIYJy_VHGEobpJLrjZy_u6izyAi_SuLelBG46tjS26BRYSXksRpAaBdGd1cUTIlyrl7BGx7e5ke0BPpGxXQ8PStpMs9szRqf0ve0cL2zCDWSDBGCMnQNMnZj-d/s1600/procurando+nemo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmr_SNvxr3xPvzdng8bpxIYJy_VHGEobpJLrjZy_u6izyAi_SuLelBG46tjS26BRYSXksRpAaBdGd1cUTIlyrl7BGx7e5ke0BPpGxXQ8PStpMs9szRqf0ve0cL2zCDWSDBGCMnQNMnZj-d/s400/procurando+nemo.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i><br /></i></b></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Procurando Nemo, </i>Andrew Stanton - </b>A beleza é o movimento. Irmão mais novo (e livre-lírico) de <i>Valente.</i></span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><i><br /></i></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiRUkzTT8FVeteKPMNIxO7ze0uz7YHbYGMY4bnjpqL0k81aY8h_B4UKwaBQt-qDvF7Tkr0lM-21aBuG3dMRkdNMoeO6bwBEBC7l2KOALmrO2Vc26DbUmItzB1Ns9tRcQzv30J_F9X2Js8v/s1600/tropico-de-cancer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiRUkzTT8FVeteKPMNIxO7ze0uz7YHbYGMY4bnjpqL0k81aY8h_B4UKwaBQt-qDvF7Tkr0lM-21aBuG3dMRkdNMoeO6bwBEBC7l2KOALmrO2Vc26DbUmItzB1Ns9tRcQzv30J_F9X2Js8v/s400/tropico-de-cancer.jpg" width="280" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><i><b><br /></b></i></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Trópico de câncer, </i>Henry Miller - </b>A língua é, essencialmente, sexual. E, por favor, chega de falar do Bukowski.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4mABa7rIwJexq4V8Lw56TfQrQqm2aTZd4YKOp49OrwRpzkqkesRQ6CPiZJiBnHhQ1XDH94LmxcAl9WgkLAYf5QTDHbrTtE8p0bCXM1NwecGkeKVPOZ7UZ5ieTG557yxKT71tSZdcFDeHd/s1600/As-vantagens-de-ser-invisivel-Sam-Cena-Tunel-600x337.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4mABa7rIwJexq4V8Lw56TfQrQqm2aTZd4YKOp49OrwRpzkqkesRQ6CPiZJiBnHhQ1XDH94LmxcAl9WgkLAYf5QTDHbrTtE8p0bCXM1NwecGkeKVPOZ7UZ5ieTG557yxKT71tSZdcFDeHd/s400/As-vantagens-de-ser-invisivel-Sam-Cena-Tunel-600x337.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>As vantagens de ser invisível, </i>Stephen Chbosky - </b>Para esse filme eu só tenho a dizer OBRIGADO.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Ie0Xetb95Ti7uIpdx27DtD-0rlqjQPy50A96QMJkpACsczEy0TmcPF-KRtwy12Uzx05GTaxsbpxF0ANkqXu2qTfqs7wt8CLob4CPqQDw4GO0A_Zcg8pvr7XP89Sw0LK7u22O5h70vxmA/s1600/carta+a+d..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Ie0Xetb95Ti7uIpdx27DtD-0rlqjQPy50A96QMJkpACsczEy0TmcPF-KRtwy12Uzx05GTaxsbpxF0ANkqXu2qTfqs7wt8CLob4CPqQDw4GO0A_Zcg8pvr7XP89Sw0LK7u22O5h70vxmA/s320/carta+a+d..jpg" width="219" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i><br /></i></b></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Carta a D. </i>André Gorz - </b>É, aparentemente existe sim. Para ser amado com muita força.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJxj-rO-ndYjhJnxV8KJoDxtgAeeWyFgPdDWr5VKKnZJSPv59vDLgsIZKkfibEXt5c3sFNhpU4-jtD9VBQZ-h6smKALz2MEKRo4z3iT4mthH57aX80L3s6iJr_mszGiXCd7aWW2mSB8K7/s1600/road+to+nowhere.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJxj-rO-ndYjhJnxV8KJoDxtgAeeWyFgPdDWr5VKKnZJSPv59vDLgsIZKkfibEXt5c3sFNhpU4-jtD9VBQZ-h6smKALz2MEKRo4z3iT4mthH57aX80L3s6iJr_mszGiXCd7aWW2mSB8K7/s400/road+to+nowhere.png" width="400" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Caminho para o nada, </i>Monte Hellman - </b>A arte não tem piedade.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuYrOoDI0dW5k7QlzzJEUUgHBRO-Ugm6vgkq0FqykpkDC4ZHwAW0xn0GteFJDfXKdFZ0kIpfhldcuIY40VeFum8YzdKhzb_COVY1YlgAI0KZ7nw7a9EMJYcP79EmDswCJdcTs4_bfYRjwE/s1600/EssencialPenguinECompanhiaDasLetras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuYrOoDI0dW5k7QlzzJEUUgHBRO-Ugm6vgkq0FqykpkDC4ZHwAW0xn0GteFJDfXKdFZ0kIpfhldcuIY40VeFum8YzdKhzb_COVY1YlgAI0KZ7nw7a9EMJYcP79EmDswCJdcTs4_bfYRjwE/s400/EssencialPenguinECompanhiaDasLetras.jpg" width="260" /></a></div>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><b><i>Essencial, </i>Franz Kafka - </b>Título de livro mais honesto do ano. Para ler e morrer.</span></span></span><br />
<span style="color: #222222;"><span style="line-height: 16px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-81724836867215039502012-12-22T23:53:00.001-03:002012-12-22T23:57:13.455-03:00O Som e a Fúria<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9mN_s8BxCxsBErxgswW-uaKxlgEqMG0hGc9MM3pwcV_gS5qvDZfkB_IfNUPRCeNrAi8LrStNdbxh_ychW6rI-7wcx4rqMgKqIXJsW_NvamT1kPkgYZpf32cM0UGbBUmDSoU8yMZK5zb3o/s1600/The+Perks+of+Being+a+Wallflower-Masti-Entertainment--Movie-Caps+(6).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="332" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9mN_s8BxCxsBErxgswW-uaKxlgEqMG0hGc9MM3pwcV_gS5qvDZfkB_IfNUPRCeNrAi8LrStNdbxh_ychW6rI-7wcx4rqMgKqIXJsW_NvamT1kPkgYZpf32cM0UGbBUmDSoU8yMZK5zb3o/s640/The+Perks+of+Being+a+Wallflower-Masti-Entertainment--Movie-Caps+(6).jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que a cena chave de <i>As Vantagens de Ser Invisível </i>é aquele momento em que Sam explica por que os garotos ingênuos são os piores: porque seus pais gostam deles e você nunca espera que eles ataquem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, uma hora, eles atacam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Provavelmente meus pais não veriam o menor problema em eu assistir esse filme aos 16 anos e eu acharia ele um filme muito legal sem me dar conta do mal que ele, secretamente, estaria me fazendo. Talvez porque a adolescência seja justamente essa inconsciência do quanto cada uma daquelas coisas mínimas e trágicas e alegóricas serão, de uma forma ou de outra, carregadas por nós para sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As dores sempre relegadas ao extracampo, os closes apaixonados em Emma Watson, a iluminação sentimental de uma época em que tudo é excessivo, a montagem paralela que todo adolescente é obrigado a fazer para começar a construção do adulto que ele será, a câmera que flutua ao som de <i>Heroes</i>.</div>
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<br /></div>
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<i>As Vantagens de Ser Invisível</i> é um voo, onde, sem dúvida, muita coisa passa rápido demais, muita coisa é vista pela metade, muita coisa ganha atenção demais - mas me seria extremamente absurdo assistir a um filme sobre ter 16 anos que não se entregasse a excessos. Temos uma vida inteira para ser comedidos e racionais, e como certo russo disse uma vez "o homem que não se permite a paixão na juventude é mais tolo que o mais ridículo apaixonado".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se podemos ser heróis, mesmo que só por um dia, por que dizer não?</div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-39226190185087559182012-11-19T23:41:00.001-03:002012-11-20T12:31:05.406-03:00Querida Wislawa,<div style="text-align: justify;">
como você está? Espero que bem. Melhorei exponencialmente após ler suas cartas tão carinhosamente feitas especialmente para mim; achei a delicadeza de escrevê-las em forma de poemas cativante e devo dizer que me sinto, de alguma forma, curado do que quer que fosse que estava me devorando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me contaram que você não está mais tão por perto assim, aparentemente ocorreu uma grande e irreversível viagem no começo do ano, é isso? Bom, tanto eu quanto você sabemos que entre nós dois não existe distância irreversível, sua mão está sempre ao alcance da minha e, também por isso, obrigado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso confessar o alívio que você me provocou ao mostrar que, no que diz respeito a expressão, não existe tanto assim o que gostamos tanto de chamar de "barreiras da tradução". Eu, olha que engraçado, sempre me considerei refém da tradução e foi preciso suas cartas para me mostrar que o essencial realmente não está na palavra. Sabe, fazia um tempo eu suspeitava que nem tudo era morfologia nesse mundo, pois você foi a confirmação disso - porque sempre que leio (e te garanto que já li e reli muitas vezes) "Tem uns quarenta anos, mas não agora", sei que há algo tão maior que o "tem" o "uns" o "quarenta" o "anos" a "," o "mas" o "não" e o "agora", algo maior ainda do que a junção dessas palavras, algo maior ainda que o feixe de luz que perpassou sua mente ao descobrir esse verso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algo maior, querida Wislawa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algo maior que o Vietnã naquele "- São" de uma mulher sem memória, há algo maior n'"A vingança da mão mortal", do que uma mão e um lápis, há algo maior do que a rima, a métrica, a técnica. Maior do que você Wislawa (que é uma mulher gigante), algo que foge do seu controle, como também fugia ao controle de Breton, de Duras, de O'Connor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que uma folhinha voou de mim até você, ou que sua bola se perdeu em algum arbusto da minha infância, ou ainda que tentamos entrar na mesma pedra só para procrastinar ainda mais a cruel e insensível tarefa de redigir um currículo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Procrastinar com você foi tão bom que pareceu, em certos momentos, com criação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me escreva mais, certo? Algo me diz que ainda vou precisar muito do efeito de flutuação que suas palavras provocam em mim. Prometo sempre responder, não importa se de formas inteligíveis, como você bem sabe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Te amo Wislawa, </div>
<div style="text-align: justify;">
e já estou com saudades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Felipe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMKeKiiEUeniqMvf4cJYqstJ8AJIqA9inDWElGpUz5-xj9Rsk1cbhRRmSXKHQRMSSX7j20mSVY1Ao93ebVyFzIRGE0yLfXnDJtYw0QCLUeFBoabSXMhXwjPLm_pNMv7Ax3rmVCJdz6dFL5/s1600/wislawa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMKeKiiEUeniqMvf4cJYqstJ8AJIqA9inDWElGpUz5-xj9Rsk1cbhRRmSXKHQRMSSX7j20mSVY1Ao93ebVyFzIRGE0yLfXnDJtYw0QCLUeFBoabSXMhXwjPLm_pNMv7Ax3rmVCJdz6dFL5/s1600/wislawa.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-32671959065074510572012-11-03T22:01:00.000-03:002012-11-03T22:59:36.475-03:00BANG BANG PJ!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw8pgi0dk5Ds0npI2oNPbFdQZm7P8Ebt2v77pjctb4iJo0loDI_iC9mPy0hPJupyshZ_I_dT9Plb_PqGoH5opG4TEX0-g3F3e5BEBuBCdAKujp6JwwXOBnquSVBIUwEcG4SwaIcEhmYvkH/s1600/pj+harvey.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw8pgi0dk5Ds0npI2oNPbFdQZm7P8Ebt2v77pjctb4iJo0loDI_iC9mPy0hPJupyshZ_I_dT9Plb_PqGoH5opG4TEX0-g3F3e5BEBuBCdAKujp6JwwXOBnquSVBIUwEcG4SwaIcEhmYvkH/s640/pj+harvey.jpg" width="633" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse ano conheci a PJ Harvey.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As referências eram ótimas (se a Rory gosta, deve ser bom, etc etc) e não havia nada que indicasse que eu não fosse gostar. Não se tratava de um risco - mas aí é que está, dentro do melhor que era esperado PJ Harvey foi ainda mais longe. Tão longe que achei necessário dizer alguma coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro: criar expectativas a respeito dela é completamente inútil, talvez porque, como Patti Smith e Joni Mitchell, ela esteja completamente comprometida com algo que vai além de si mesma, além do público, além mesmo da música. Talvez o que pudesse ser chamado de profissão de fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A questão é que acho uma bobagem reclamar que em <i>White Chalk </i>ela deixou de ser a roqueira que era em <i>Rid of Me </i>e <i>To Bring You My Love </i>pra se tornar uma filha chata da Vashti Bunyan<i>, </i>ou que <i>Stories From the City, Stories From The Sea </i>é um álbum feito pra vender, ou ainda que <i>Let England Shake </i>é um disco histérico só porque ela pega pesado nos agudos: porque todas essas definições simplesmente não existem pra PJ Harvey; foram só coisas que, sendo ditas tantas vezes, passaram a parecer proposta do artista e não rótulo imposto pelo público.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pra abraçar Polly Jean o mínimo que se pode fazer é dispor-se a uma liberdade tão absoluta quanto a dela. Não dá pra ouvir um disco pensando que ele vai continuar o último, essa mulher é pura ruptura e pesquisa - e aqui, nesse ponto, é que ela se revela como constante e excitante risco. Não é preferir "Angelene" a "Down by the Water", ou "Dry" a "The Soldiers", ou tentar descobrir qual o melhor disco dela, porque é completamente infrutífero comparar a PJ Harvey a ela mesma, no máximo se chegará a um diagnóstico de esquizofrenia ou de incongruência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A importância de ouvir PJ Harvey está nessa possível reeducação de nossa interpretação tão pré-disposta a competição que aprendemos a cultivar, tão viciada na comparação, tão obcecada pelos prêmios e vitórias de uma obra de arte sobre a outra. Chega de colocar os artistas pra correr como cavalos em uma maratona. A obra de PJ Harvey é uma gargalhada na cara de quem insiste em troféus e estrelinhas, e um afago mais do que necessário para quem está disposto a assumir riscos (principalmente, o risco da falha).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Arte é um ato de coragem.</div>
Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-14244275226111976992012-08-09T13:44:00.001-03:002012-08-09T22:24:43.962-03:00Flannery O'Connor - cuidado com essa ameaça<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPMvK8A0Jfj6hng4dDPAQ9FVRGIRd1QzD8k5MNrcSxk5YXB6Cm7_IPunRkp5SgI8A5bUWtG96xqYLKw54CZpdeVHK96d8oNCfR5qQmeS18McTvyzF_jjIFVq8OZlY9i2IGzKiXgjXjxECA/s1600/flanneryoconnor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPMvK8A0Jfj6hng4dDPAQ9FVRGIRd1QzD8k5MNrcSxk5YXB6Cm7_IPunRkp5SgI8A5bUWtG96xqYLKw54CZpdeVHK96d8oNCfR5qQmeS18McTvyzF_jjIFVq8OZlY9i2IGzKiXgjXjxECA/s640/flanneryoconnor.jpg" width="500" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Flannery O’Connor é malvada. <br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sério, puro fel. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Demoníaca. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Manipuladora. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Gênia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Escreveu uma obra que perverte a
mente humana, ou seja, instiga-a. Pra ler Flannery tem que ter culhão e
coração. Ela exige muito, exige tudo – pra no final nos lembrar que o prêmio
por tanto esforço é sempre um saco cheio de desespero.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Essa literatura do soco no
estômago não começa nessa católica recalcada, mas nela alcança uma espécie de
ápice do mal-estar, uma poética da desrazão. O’Connor é dessas que enxerga a
natureza como caos, nunca como harmonia. E não qualquer caos, mas caos
violento, sanguinário, cruel. Mas tudo bem, isso é apenas uma visão de mundo,
não garante nenhum qualidade estética. Mas aí acontece isso aqui:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i> “Sentada no degrau, agarrada ao
balaústre, pouco a pouco ela recuperou o fôlego, respirando em doses mínimas, e
a escada parou de balançar como gangorra. Só então abriu os olhos. Voltou-os lá
para baixo, lá para o fundo, lá para o buraco negro de onde ela mesma, há tanto
tempo, tinha vindo. E disse: ‘Boa sorte’, dizendo-o numa voz cavernosa que
ecoou nos vários níveis do poço, ‘neném’.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Maliciosamente os três ecos repetiram: ‘Boa sorte, neném’.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Mais uma vez ela reconheceu a sensação tão ligeira de coisa que se
mexia. Era no entanto como se não fosse em seu ventre. Parecia mais um nada que
ainda estava em nenhures, estando em repouso e à espera, na plenitude do tempo”.
(Um Golpe de Sorte)<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E o leitor pensa “como essa
mulher faz uma descoberta de gravidez ser tão arrasadora???!!!”, é, isso é a
Flannery O’Connor. Toda palavra é melifluamente ajambrada para que seu sentido
comum seja pervertido até que se alcance a perfeita forma da palavra-ameaça –
pois para O’Connor é a palavra o seu revólver, é com ela que Flannery ameaça,
intimida e, constantemente, assassina. O gênero dessa literatura? Chamem de
contos à La Lady Macbeth ou Histórias pra Mefistófeles dormir, não sei. Do
gênero, realmente não sei. Assim como não sei do gênero de <i>A Paixão Segundo G.H.</i>, <i>Os
Irmãos Karamazov</i>, <i>Moby Dick</i>,
porque como Lispector, Dostoievski e Melville, O’Connor só chegou até a palavra
para estuprá-la e destruí-la – enquanto sorri diabolicamente com a verdade em
suas mãos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Falam muito sobre “representação
do Sul dos EUA”, “realismo norte-americano”, “crítica social severa” quando
Flannery está em pauta. Ainda não vi falarem do que mais me impressionou e
transformou: que o verdadeiro e único lar da literatura brutal de O’Connor é
nosso epicentro egocêntrico e tenebroso que nos acostumamos a chamar de alma,
apenas isso. Alma que tudo traga para si, até que não aguenta tanto peso e
morre. Ou não, pois até isso pode nos ser negado pela natureza:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“A ave brava que pairava sobre sua cabeça, numa espera misteriosa,
durante os anos de sua infância e os dias da doença, pareceu de repente se
mexer. Asbury descorou, e a última camada de ilusão, como que num redemoinho,
foi-lhe arrancada dos olhos. Ele viu que pelo resto dos seus dias, frágil e
atormentado, mas resistindo, teria de viver sempre em face de um purificante
terror. Um grito fraco, derradeiro e impossível protesto, escapou-lhe ainda.
Mas o Espírito Santo, blasonado em gelo, e não em fogo, mantinha-se a baixar,
implacável”. (O Calafrio Constante)<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como Lúcifer, Flannery O’Connor
não dá descanso aos condenados que escolhem entrar em seu inferno. Repito, não
há recompensa a não ser desespero. Me ouçam: NÃO LEIAM ESSA MULHER.</div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-88758002099880779912012-03-22T00:31:00.001-03:002012-08-09T22:25:50.476-03:00A Beleza do Desespero<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig1tNaaWLqYN_H0t7N70UyFLa7zESryVELA8KXtuKOpebVbpeX1uxOky-YpnEOnxyk6ciFHYmffZKMDKf9hSwIT4D0R63FyrihKG3BnkySY-fGvataDTxixfZDbnur2q9ZxKZKjmtXJeA_/s1600/Moby+Dick.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig1tNaaWLqYN_H0t7N70UyFLa7zESryVELA8KXtuKOpebVbpeX1uxOky-YpnEOnxyk6ciFHYmffZKMDKf9hSwIT4D0R63FyrihKG3BnkySY-fGvataDTxixfZDbnur2q9ZxKZKjmtXJeA_/s640/Moby+Dick.jpg" width="588" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Certos livros dariam origem a uma religião. Não é sempre, mas
de vez em quando acontece de um livro ser mais que Literatura, ser mais que
rigor, mais que um autor – esse fenômeno, esse milagre, exige muito para
acontecer: exige o pulo sem volta no abismo do absurdo, onde não existe ego,
não existe organização, não existe dominação, tudo é na única forma em que as
essências conseguem ser, caos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="line-height: 115%;">Moby Dick</span></i><span style="line-height: 115%;"> é, dessa forma, incontornável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Como <i>Os Irmãos
Karamazov</i> e <i>A Montanha Mágica</i>, <i>Moby Dick </i>entrega ao leitor um
itinerário para sua própria alma, um mapa para os tortuosos caminhos do
espírito. Herman Melville, o profeta dominado pela graça da prosa deste livro
sagrado, sintetiza o indescritível, captura o inenarrável – faz Grande Literatura,
enfim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Nas páginas da odisseia de Ahab e seus escravos o leitor
depara-se com um dos embates ancestrais da arte literária: a prosa x a poesia,
a racionalização x a abstração, a inteligência x o incompreensível. O absurdo
que a terrível baleia branca personifica jamais poderá ser inteiramente
dominado pela determinação sistemática e doentia de Ahab, personagem que desde
sempre já perdeu a batalha em que transformou sua existência. Da mesma forma,
Melville luta bravamente ao impor uma narrativa clara e objetiva a um universo
prenhe do mais incontrolável desespero, da mais tirânica sensibilidade.
Enquanto acompanhamos o diário de um observador (que vai, lentamente, ser
tragada pelo redemoinho de loucura e devaneio do <i>Peacock</i>) assistimos a prosa de Melville sucumbir ao poder
fascinante da poesia, quando afirma, por exemplo, que “a mente não existe senão
atada à alma” (p. 225), ou ainda quando faz com que a pessoa antes tão compacta
e sólida de Ahab vá se deteriorando até chegar ao ponto que “Ahab nunca pensa;
apenas sente, sente, sente; <i>isso</i> já é
bastante tormentoso para um mortal! Pensar é audácia. Só Deus tem esse direito
e privilégio” (p. 582).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Como os grandes épicos haviam ensinado (e aqui nos deparamos
com os inevitáveis <i>Ilíada</i>, <i>Odisseia</i>, <i>A Divina Comédia</i>) a pretensa separação de prosa e poesia é um
fracasso anunciado – às vezes de uma forma mais declarada (Virginia Woolf,
William Faulkner, Raduan Nassar, Guimarães Rosa), às vezes de uma forma mais
“discreta” (Cervantes, Graciliano Ramos, Flanney O’Connor, Dalton Trevisan) a
poesia sempre encontra um caminho de contaminar, de infectar, a idealizada
objetividade da prosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Temos, então, um livro que muito tem a dizer para a
Literatura enquanto arte, enquanto expressão, enquanto pensamento e enquanto
religião, profissão de fé. Como todo grande livro, <i>Moby Dick</i> é, em si mesmo, um mundo completo, onde só há espaço para
a mentira legitimada da ficção, que alcança uma verdade jamais possível para a
verossimilhança.<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVX2gYAAG93N6YmxePzSubRgH2a7UAzJa2Fzkw8aVjFHqtuSS0QKY7v581uuyhQe_9goWBowF6SbBGlOQyKeP9mze8VhxkQAp_9NZdalzEiVbbg4mVxHa6X5DSePsG47lE0ZYTV9x1khTq/s1600/thyrreniansea.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVX2gYAAG93N6YmxePzSubRgH2a7UAzJa2Fzkw8aVjFHqtuSS0QKY7v581uuyhQe_9goWBowF6SbBGlOQyKeP9mze8VhxkQAp_9NZdalzEiVbbg4mVxHa6X5DSePsG47lE0ZYTV9x1khTq/s640/thyrreniansea.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-61473843054865717612012-02-08T00:52:00.000-03:002012-08-09T22:26:54.173-03:00Permanecer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKxzTnsjF5UGRpBh4Qfps2n1nmQilkIAA_grb4ckPKTwDfkiZuB8mfYTM0oK6wiMK64NIXKDXUglcq7nmwoelAmpoMcs8yfVV8B9WajJddeqrkE2sxDN4909z5l7P6LQHAHpuGmG1HnqD3/s1600/vale+dos+lamentos+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKxzTnsjF5UGRpBh4Qfps2n1nmQilkIAA_grb4ckPKTwDfkiZuB8mfYTM0oK6wiMK64NIXKDXUglcq7nmwoelAmpoMcs8yfVV8B9WajJddeqrkE2sxDN4909z5l7P6LQHAHpuGmG1HnqD3/s640/vale+dos+lamentos+(1).jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Acredito ser muito comum enxergar a
obra de Theo Angelopoulos pela perspectiva do histórico, do coletivo, do
universal. Como toda obra de arte genial, é óbvio que o gênio de Angelopoulos
abre espaço para, praticamente, todo e qualquer viés de interpretação. Mas
hoje, 8 de fevereiro de 2012, 15 dias após sua morte estúpida e precoce, o que
mais me vem a mente quando penso neste diretor é o quanto ele é emotivo,
particular e singular.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Seus planos-sequência longuíssimos
tratam do avanço histórico-social de uma nação? Sim. Mas, talvez, a questão
aqui seja entender o que significa para Angelopoulos o “histórico-social” –
pois a humanidade e sua trajetória nada mais são do que os pequenos seres
humanos, sempre tão insignificantes nos planos abertíssimos de Angelopoulos;
insignificantes e, justamente por esse motivo, fascinantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Afinal, o que pode um casal de irmãos
ainda tão crianças diante de uma mão imensa que brota do mar e aponta para
lugar nenhum? Ou o que pode um simples diretor de cinema diante de uma película
em branco que registrou as primeiras imagens em movimento da história de seu
povo? Ou ainda, o que pode uma mulher abandonada e condenada à espera diante de
um vale infinito de lágrimas e esperanças cobertas de poeira e desespero? Nada,
não podem nada – e por isso mesmo podem tudo. Por mais divino que pareça, e
seja, o coração do cinema de Angelopoulos está no fracasso ancestral dos homens,
nos gigantes-na-verdade-moinhos que insistimos em desafiar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Filho da terra que inventou a
narrativa ocidental como conhecemos, este grego compreendeu que só é possível
ser épico na medida em que respeita-se o poder arrasador do lírico. Tome-se <i>Vale dos Lamentos</i>: muito se fala de guerra, de despedidas, de
filhos perdidos e amores nunca plenamente realizados, todos os temas da <i>Ilíada</i> e da <i>Odisséia</i>, nada mais narrativo e clássico. Mas, como todo bom
espectador de cinema já deve ter percebido, milhares de artistas caminharam a
mesma procissão – e nem 10% deles irá permanecer da forma que Angelopoulos
permanecerá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Por quê? Bem, este grego está longe
de se ressentir de não haver, propriamente, “temas novos”, está, isso sim,
encantando com a perenidade que determinados sentimentos parecem possuir; são
aquelas sensações que poderíamos chamar “inescapáveis”, ou ainda “incontornáveis”.
O amor proibido, a prisão eterna da maternidade, o horror sem sentido da
guerra, tudo isso já sabemos de cor simplesmente porque somos pessoas. Essa familiaridade
sanguínea libera nosso caminho para o confronto com o principal: as imagens. E
imagens que se debatem em um caos sentimental e poético que a narrativa apenas
parcialmente encobre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Do lento zoom-in que vai, com muita
delicadeza, se aproximando de um novelo de lã que se desfaz conforme os
protagonistas se afastam, do pai inconsolável que se despede do espetáculo da
vida em um teatro onde urra desiludido atrás da filha enquanto a câmera
respeitosamente se afasta, da mudança de foco que assinala a mudança de tempo
que foca uma lembrança perdida na memória, de tudo isso não nos fica por sua
função narrativa ou sua adequação ao roteiro – fica por algo muito mais
inefável, incomensuravelmente subsumido, fica pela sensação, pela onda
invisível que toma conta do nosso corpo sempre que nos deparamos com algo
emotivo, particular e singular e, consequentemente, histórico, coletivo e
universal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Não podemos esquecer que compartilhamos
da incompreensão, que somos sozinhos juntos, que dividimos de uma mesma
essência que nos faz únicos. Como toda grande arte, a de Angelopoulos divide-se
aflita entre o épico e o lírico, tenta organizar aquilo que, se é belo, o é por
ser de impossível captura. Correr atrás do impossível sempre e depois morrer
aceitando nossa pequenez e celebrando nossa grandiosidade. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"> </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Existe algo que deuses nunca entenderiam, se
chama Paixão.</span>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-30902169608220809362012-01-07T19:21:00.000-03:002012-08-09T22:26:34.584-03:00DAS MELHORES COISAS DE 2011<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">2011, ano pessoalmente canalha, mas esteticamente
interessante – vamos à lista!</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvD4yThdnmVJxVJbaGGfJHBl7qsHBLnse6Mog66l7NfBQh96itEpNo9m4WBkBAuLTJn_K-oncXWRGG-AJlboKC3EUIGnlWgkDJdv8CWT2A32Ufjlz9JEmCltz0wVFGdDHz_jt3T1V-CdRc/s1600/a+doce+beleza.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvD4yThdnmVJxVJbaGGfJHBl7qsHBLnse6Mog66l7NfBQh96itEpNo9m4WBkBAuLTJn_K-oncXWRGG-AJlboKC3EUIGnlWgkDJdv8CWT2A32Ufjlz9JEmCltz0wVFGdDHz_jt3T1V-CdRc/s400/a+doce+beleza.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>A DOCE VIDA</b> – Assisti-lo, em
película, foi ser nocauteado pela beleza só possível no cinema. Foi ter certeza
de que existe algo no humano muito maior que o humano. Foi sair do cinema e
querer morrer abraçado a um amigo. Não gosta desse filme? Desculpe, mas desista
do cinema, pois não há nada nele pra você.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw_6HUSGnqxTrlvrUS-cG0aDQjehlKDuQE_HxeYLoMBhhRe0hllNUZM_EkrL3Oe8d6xVeX4NjWt3R-FQfBbzmjTDZpTBlkoc58sm8vMvoic59OBsyYI0dD3mERftKarIJKfgJg_tiyZmko/s1600/RESPEITO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw_6HUSGnqxTrlvrUS-cG0aDQjehlKDuQE_HxeYLoMBhhRe0hllNUZM_EkrL3Oe8d6xVeX4NjWt3R-FQfBbzmjTDZpTBlkoc58sm8vMvoic59OBsyYI0dD3mERftKarIJKfgJg_tiyZmko/s400/RESPEITO.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>O REI LEÃO</b> – A recordação é,
talvez, a forma mais contundente de celebrar uma imagem – é como transformamos
a imagem em sangue e sentimento. E o que é O Rei Leão se não a recordação exata
do que já fui e daquilo que viria a ser? Último épico do estúdio que foi meu
útero cinematográfico, despedida de uma certa forma de fazer animação, obra que
provavelmente enlouqueceria John Ford e deixaria Tarkovsky com inveja da câmera
sem limites da animação. Eterna. Lágrimas. Coração.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPnV_qJEcw9EK3i-yMpSnZAgrqxqQ0TH1Myh-pQC6nka7XfaRI_XVdah9PnPCa2RO9ejQFV14kQFnPP37ARZ1K9F4St1mSugw-b6amzLQfiQC6oOivALRd1DQHQ70QtO4ge_1Km_NyLwGx/s1600/copie-conforme-365286l-imagine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPnV_qJEcw9EK3i-yMpSnZAgrqxqQ0TH1Myh-pQC6nka7XfaRI_XVdah9PnPCa2RO9ejQFV14kQFnPP37ARZ1K9F4St1mSugw-b6amzLQfiQC6oOivALRd1DQHQ70QtO4ge_1Km_NyLwGx/s400/copie-conforme-365286l-imagine.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>CÓPIA FIEL</b> – Tem verdades que só
vem com a mentira. Tem belezas que são oblíquas e certas coisas só se entende
dissimulando. Certas imagens só se completam se sobrepostas. Como disse um
crítico “Cópia Fiel deixa de ser grande para ser infinito”. É: infinito.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRM8wPbMj8Th8-_EXNsJmkeKXLN8trUqOCaXXyiNt7j8JTlx2lad2sXppQ0h3D1ZTOkicRy4nvSG8PQVz7_RC51qtW3TM9jn4vodnaWWpPOzmRC902VMITq504L9_m2EU1h4iotMZSSIu/s1600/somewhere.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRM8wPbMj8Th8-_EXNsJmkeKXLN8trUqOCaXXyiNt7j8JTlx2lad2sXppQ0h3D1ZTOkicRy4nvSG8PQVz7_RC51qtW3TM9jn4vodnaWWpPOzmRC902VMITq504L9_m2EU1h4iotMZSSIu/s400/somewhere.jpg" width="376" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>UM LUGAR QUALQUER</b> – Poesia do
abandono. Evidenciar beleza do vulgar. Dar a partida de um homem morto através
da luz e do movimento de uma ninfa. Fazer música com o alarme de um carro.
Criar hamonia com o som do Guitar Hero. Abraçar o coração com um zoom-out.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgofeXHGjTM0HEtyvKIpusiDcyuka9rGDF3zcItCxW_fHZ1IoY8q8gZt64nMvfGHg4E_zn2A9Evig2MEi6OuXEPvZjjG14noFkXf8Xe7GzUZHcm5f5bsSi2AxtQhx_vO-rvrg4Oq9C1xh-A/s1600/how+i+met.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgofeXHGjTM0HEtyvKIpusiDcyuka9rGDF3zcItCxW_fHZ1IoY8q8gZt64nMvfGHg4E_zn2A9Evig2MEi6OuXEPvZjjG14noFkXf8Xe7GzUZHcm5f5bsSi2AxtQhx_vO-rvrg4Oq9C1xh-A/s400/how+i+met.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>HOW I MET YOUR MOTHER</b> – Prova que
não existe formato esgotado, apenas mentes esgotadas. Que, quando se trata de
sensibilidade, não importa se falamos de humor ou drama, de cinema ou TV. Que a
montagem pode fazer milagres e que saber quando cortar para a próxima cena muda
a cena que veio antes e prepara (ou não) para a cena que virá depois. Assistam
e aprendam.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWY7rZcpId_iz8EvVd45Sq8D4Qpw5LkgK9nAWHg6Vxo-3MfOSB_O37ah5CJEF1h78m0ao0zCBO8x4DNDeXBQS4h671idGSeTZ8qw-E_QyNf28GS1IFYZN1vAiG1tjEuUuwFQgB2tTuf3of/s1600/true+grit.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWY7rZcpId_iz8EvVd45Sq8D4Qpw5LkgK9nAWHg6Vxo-3MfOSB_O37ah5CJEF1h78m0ao0zCBO8x4DNDeXBQS4h671idGSeTZ8qw-E_QyNf28GS1IFYZN1vAiG1tjEuUuwFQgB2tTuf3of/s400/true+grit.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>BRAVURA INDÔMITA </b>– Beleza da
pedra. Sem mais.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzYBtSH21XlwaW0YtdAMULzWDBFFjtbQNECTkqBZTi1OMbTjSuHKMyJO6m5F0Ruse7ZZ5NkuahfgetjC6nCjDIcYNcsgxdie5bX7eIGC1NsSWxd7IbfjVNNvavR6gx7TjO4Yq6uW2dsgkH/s1600/Tree-of-Life52.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzYBtSH21XlwaW0YtdAMULzWDBFFjtbQNECTkqBZTi1OMbTjSuHKMyJO6m5F0Ruse7ZZ5NkuahfgetjC6nCjDIcYNcsgxdie5bX7eIGC1NsSWxd7IbfjVNNvavR6gx7TjO4Yq6uW2dsgkH/s400/Tree-of-Life52.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>ÁRVORE DA VIDA </b>– A importância de
errar pra superar a perfeição e atingir a Verdade.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAmubV7nz6HMD2p68kcxSerVgjAVzZHCymqG6VAWwPdHmJ_cMMsfId1bdRFCOZHlZy5qIG0V6AuUJZCphYruUdg8PO9wRyn3_uUUKXNtrIGwWuD-nor8oFqZ-IWPu4w6Db8aA5Ec0DSK09/s1600/emily-dickinson.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAmubV7nz6HMD2p68kcxSerVgjAVzZHCymqG6VAWwPdHmJ_cMMsfId1bdRFCOZHlZy5qIG0V6AuUJZCphYruUdg8PO9wRyn3_uUUKXNtrIGwWuD-nor8oFqZ-IWPu4w6Db8aA5Ec0DSK09/s400/emily-dickinson.gif" width="307" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>EMILY DICKINSON</b> – Milagrosa. Pura
luz. Gostaria de morar na poesia dela.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRalPAckjt1u1JZTQlRxFCqCr-ARt-idyyXRlTptxGeTLikwrUk_sTs5ppfWUvcvZ5JRaemSIsX7N2J94WTLCSS9Ca7jVSyhddDYPAML5QE8x320cm6HceQW_NHCjJ5JeHjNZDFjactRWx/s1600/moby.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRalPAckjt1u1JZTQlRxFCqCr-ARt-idyyXRlTptxGeTLikwrUk_sTs5ppfWUvcvZ5JRaemSIsX7N2J94WTLCSS9Ca7jVSyhddDYPAML5QE8x320cm6HceQW_NHCjJ5JeHjNZDFjactRWx/s400/moby.gif" width="276" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><b style="line-height: 115%; text-align: justify;"><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="line-height: 115%; text-align: justify;">MOBY
DICK</b><span style="line-height: 115%; text-align: justify;"> – Daqueles livros que poderiam começar uma religião. Daqueles que se
tornam referência pessoal para compreensão alheia. Monumental. Inescapável.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnXcil9s4zN_-z0iByTpOgEITaJv9rsBPUTfUnyGqn52JtWIhNV3HGLHyI8qWUXTzaLWD14DQGN6SUV7aaHzKYmHqaejXPihVRP6ETH7NpvXah-gG6x61CzMGWt08A_YEmBdQdpn5es_gr/s1600/sally_mann_immediate_family_12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="332" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnXcil9s4zN_-z0iByTpOgEITaJv9rsBPUTfUnyGqn52JtWIhNV3HGLHyI8qWUXTzaLWD14DQGN6SUV7aaHzKYmHqaejXPihVRP6ETH7NpvXah-gG6x61CzMGWt08A_YEmBdQdpn5es_gr/s400/sally_mann_immediate_family_12.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>SALLY MANN – </b>Ressignificou a
palavra <i>expressiva</i>. Rigor maternal.
Existe algo que só (n)as crianças... !</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Obviamente, nem tudo aqui foi produzido em 2011 - se trata, simplesmente do que eu vou levar deste ano)</span></div>
<br />
<br />Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-73719307874938632152011-11-06T15:32:00.003-03:002012-08-09T22:27:17.633-03:00Só resta chorar (que é um jeito exagerado de sorrir)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaWdiNEMLkaZHcaaq7WraP0IT-BGhv-nUs1O4HsfANBew1qLGOHFmtlibFtHlMYLT1-eLW_TeTz9lX2WvH6YCbmTChHOIcGKbAxoLaW4Wa3h00kz3LEgL69ujcspB7jYey0e5G4hmFXvj3/s1600/monstros-sa.png" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5671956941511108290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaWdiNEMLkaZHcaaq7WraP0IT-BGhv-nUs1O4HsfANBew1qLGOHFmtlibFtHlMYLT1-eLW_TeTz9lX2WvH6YCbmTChHOIcGKbAxoLaW4Wa3h00kz3LEgL69ujcspB7jYey0e5G4hmFXvj3/s400/monstros-sa.png" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 214px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Pete Docter fez <i>UP</i>, não bastasse isso já havia feito também <i>Monstros S.A.</i><br />
<div>
<i><br /></i></div>
<div>
Hoje, revendo trechos dessa animação enquanto eu almoçava, pensei sinceramente que essa obra é daquelas que são, antes de tudo, educativas.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Educativa porque nos ensina a ver, porque nos ensina a sentir. Toda a cuidadosa concepção de cada quadro, cada plano, cada parte da montagem - é tudo um grande aprendizado sobre o que é ser <i>sensível</i>.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Abrindo portas pra novos mundos, correndo freneticamente pelo direito de estabelecer laços com pessoas improváveis, esperneando como só as crianças de espírito sabem espernear contra as injustiças do mundo, <i>Monstros S.A.</i> sempre abre meus olhos para a Beleza (não à toa trata do sentimento que eu mais respeito e admiro, a Amizade).</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os olhos marejados de Sully, o humor que encobre a ternura de Mike, a percepção pura e criativa de mundo de Boo - não são personagens, apenas, são super-heróis, são salvadores do mundo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Planos-detalhe que fazem questão de mostrar objetos minúsculos (um pedaço de porta, um desenho no papel amassado) em mãos monstruosas provando que, diante da delicadeza, só resta à brutalidade calar-se, sair de cena e deixar que a verdadeira beleza <i>seja.</i></div>
<div>
<i><br /></i></div>
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E o final... As mãos feridas de Mike, a porta praquele mundo inteiro e estranho que é Boo, a expectativa do reencontro, o extra campo que nos encanta com um "Gatinho!" que estávamos implorando para ouvir ainda mais um vez, nos cativa, nos mata para nos ressuscitar no sorriso de Sully, que já não é mais monstro, já não é mais indivíduo, é já e para sempre puro amor e felicidade. </div>
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Como é possível chorar tanto em um final feliz?</div>
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<br /></div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-53232343585403135882011-09-11T11:34:00.002-03:002012-08-09T22:27:37.214-03:00Salvação<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinCn9PavEzt7sPXcr6mIXKNGzuFPhOT7gBmS400NM2u_fUyDClur0yuQoHrTr8UT3o1KpzhirzZKP7AUXzbYju5OkEQDynvnhC6hJdg6vaIViXjC_0zJBdBkfh4J8CiR-X5YresjwV686J/s1600/amarga.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5651111052088074722" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinCn9PavEzt7sPXcr6mIXKNGzuFPhOT7gBmS400NM2u_fUyDClur0yuQoHrTr8UT3o1KpzhirzZKP7AUXzbYju5OkEQDynvnhC6hJdg6vaIViXjC_0zJBdBkfh4J8CiR-X5YresjwV686J/s400/amarga.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
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Bowie e Kicchie não têm a menor chance.</div>
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Miseráveis, solitários, abandonados e perdidos – é assim que os encontramos e é assim que os deixaremos. Num mundo que não admite a beleza, o sonho, a felicidade, esses dois minúsculos apaixonados vão ser esmagados em um piscar de olhos. Nicholas Ray foi, talvez, o diretor que melhor compreendeu a exuberância de tentar já sabendo de antemão que não se irá conseguir. <i>Amarga Esperança</i>, seu primeiro filme, já deixava claro que era dos desesperados que Ray queria falar (como Johnny e Vienna, Jim e Judy). Desesperados feitos de um vidro remendado e frágil – mas desesperados.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Este senhor que nunca envelheceu, tão rigoroso e sensível, resolveu dar início a uma das filmografias mais essenciais do cinema nos contando um conto de fadas. Um conto de fadas americano, sombrio e trêmulo – mas um conto de fadas. <i>“Esse rapaz e essa moça não têm lugar no mundo</i>” é a frase que inicia o idílio, o que vem depois dela é puro coração.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enquadramentos emoldurados por corpos, olhares que dificilmente se encontram, a luz do sol que raramente aparece (e que, quando aparece, é percebida através do olhar luminoso de Kicchie – uma das mulheres mais lindas do cinema). O casamento é um ato de desespero, o amor é um ato de desespero, o quarto no hotel e a gravidez são um ato de desespero – e também, principalmente, de coragem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não, eles não são Bonnie e Clyde, são antes Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, Tomas e Tereza; nosso mundo não é capaz de comportá-los, de abrangê-los.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bowie sai do quarto de hotel com raiva porque perguntou as horas a Kicchie e ela, do fundo de sua frustração, não respondeu; só para logo depois correr até a porta que ele deixou aberta e dizer que são “10 para meia noite” (o horário em que se casaram), o normal seria o contracampo de Bowie, mas Nick Ray não é normal – então que a câmera continue em Kicchie e registre através do seu sorriso e seu murmúrio (“I’ll wait for you”) que aqueles dois seres humanos se amam.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bowie é assassinado, Kicchie ergue-se após tocar o corpo frio do homem da sua vida e Ray manda às favas qualquer noção de continuidade clássica: são dois planos contínuos e contraditórios, em um Kicchie olha para os policiais em desafio e no outro Kicchie olhar para si mesma infinitamente triste; a realidade objetiva jamais seria capaz de expressar uma mulher com tantos sentimentos arrasadores no peito.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Kicchie chega à porta do hotel, ela está de costas para a câmera, se vira e diz a frase que Bowie nunca havida proferido, mas que fez questão de registrar em carta antes da morte anunciada, “I love you”. Não, não é o fade-out que escurece a cena, antes Ray apaga todas as luzes – houve, uma vez, beleza naquele mundo, mas ela foi assassinada. Os olhos sempre tão brilhantes de Kicchie vagam agora por uma escuridão sem fim. Aí sim, fade-out.</div>
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Digo, então, aos sonhadores: não temam, quando, caminhando pelos vales da morte deste mundo, lhes parecer que tudo se foi, que já não há em que acreditar, peguem nas mãos esse filme e o amem. Ele os salvará. </div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-89973778741591241102011-08-23T00:21:00.003-03:002012-08-09T22:28:06.332-03:00A herança dos muleques<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRpN70nvl3hmsZSRbARTRwN57q__NMKnXxVPEK9xdGcdAbTIjcpiirKV4_Mk0HrivmegapEB8ZN_-bn03X-aD3_sw4HATwi7aeAGJSfeeS5DTzAWMP1Rx1cZNxGO32U29CYrVEhb3278YB/s1600/super8+-+2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643887553624273330" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRpN70nvl3hmsZSRbARTRwN57q__NMKnXxVPEK9xdGcdAbTIjcpiirKV4_Mk0HrivmegapEB8ZN_-bn03X-aD3_sw4HATwi7aeAGJSfeeS5DTzAWMP1Rx1cZNxGO32U29CYrVEhb3278YB/s400/super8+-+2.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
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<i>Peter Pan</i></div>
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A ficção é o exercício da capacidade de acreditar. Acreditar em personagens impossíveis, em enredos fantásticos, em imagens que são lindas por serem, justamente, falsas.</div>
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Clichê dos clichês, mas continua sendo verdade: as mestras nesse exercício de fé ainda são, e sempre serão, as crianças. Não sei se é o tempo menor de exposição a todo o cinismo do mundo que vivemos ou se é algo de sua compleição biológica/psicológica – o fato é que são elas as mais dispostas a entender a fantasia não como negação da realidade, mas como uma das formas de interpretá-la.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nesses dois parágrafos aí em cima temos o que eu acredito serem os pilares narrativos mais importantes do cinema de Steven Spielberg: o incentivo da fé do público em um universo fílmico e a celebração das crianças. Justamente acusado do crime hediondo de “infantilizar” as platéias ao redor do mundo e de empregar em suas produções um tom ingênuo que tende a irritar os fanáticos pelo “realismo” ou pela “maturidade/seriedade” de uma obra de arte, Spielberg nem sempre é visto pela perspectiva que mais interessa: a de um diretor rigoroso e vigoroso que transformou para sempre os padrões de qualidade técnica das produções americanas – utilizando sempre de forma <i>sensível</i> os avanços técnicos pelos quais ele foi um dos responsáveis.</div>
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Assim, em sua postura moral e artística, Spielberg se assemelha bastante a um Walt Disney ou John Lasseter – na combinação entre grande estrategista de negócios e artista criativo que desafia, sim, sua linguagem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apesar da aparência esse não é um texto sobre o diretor de <i>Jurrasic Park</i>, mas sim sobre o fruto mais belo de um discípulo direto seu até agora: <i>Super 8</i>, de J. J. Abrams.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3fnHD9MhwWGaLGScG1OGtEX6j74Pa5nSBkWzMFYlz9eteM6uZvIHgz_iwW07ioMA1R17iSdjOo9H4DnYlwjxBn2pUYF5bUBhVm5jJsx9X-cijz2225bdlsHNhq_fj1mTo0DIu4xLYErF1/s1600/super8.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643887019839955314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3fnHD9MhwWGaLGScG1OGtEX6j74Pa5nSBkWzMFYlz9eteM6uZvIHgz_iwW07ioMA1R17iSdjOo9H4DnYlwjxBn2pUYF5bUBhVm5jJsx9X-cijz2225bdlsHNhq_fj1mTo0DIu4xLYErF1/s400/super8.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 166px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: left; width: 400px;" /></a><br />
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<i>Terra do Nunca</i></div>
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Já no <i>slow</i> da primeira sequência acompanhada pela música de Michael Giacchino (o gênio por trás da trilha sonora de <i>UP</i>), que se inicia em uma metalúrgica onde ocorreu um acidente e se prolonga até o velório de uma mulher, temos a disposição daquilo que interessa a J. J. Abrams: uma localização cronológica que é muito mais sentimental que temporal, uma criança injustiçada pela violência estúpida da realidade, alguns adultos que, por mais que a amem, não conseguem adentrar o seu mundo. Nesse início Abrams enfrenta com ternura e minimalismo o desafio de construir diversas atmosferas que, juntas, irão compor uma outra ainda maior. Neste caso os planos próximos e subjetivos de Joe, sentado no balanço sozinho segurando um colar na mão; o plano severo e grave da mãe do amigo de Joe observando-o pela janela e conversando com o marido e o plano do pai de Joe expulsando, sem motivo aparente, um homem do velório, são todos fatores que, juntos e dispostos da forma como o são, nos localizam em um mundo frágil que foi, obviamente, assolado por uma tragédia. Teremos, mais uma vez, a conhecida batalha das crianças contra o mundo.</div>
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O que me leva a tocar no ponto que mais me interessa em <i>Super 8</i>: o meio através do qual Abrams consegue, fazendo uso dos clichês mais conhecidos de seu mestre, extrair reações tão sinceras, emocionadas e espontâneas da platéia. E por mais que aparentemente Abrams apenas reformule e reapresente o universo e a estética já trabalhadas em <i>E.T</i>., é importante lembrar que outros já tentaram este mesmo processo, com resultados que nem de longe lembravam a excelência dos melhores momentos de Spielberg (sendo o maior exemplo disso Robert Zemeckis). O que Abrams atinge é um equilíbrio muito mais complexo e profundo do que o de uma mera homenagem ou simples cópia: por um viés francamente paródico, ele escapa da tentação de ridicularizar o universo ao qual se refere, conseguindo revisitá-lo de uma forma tão criativa e vigorosa que, em determinados momentos, supera sua matriz (é inegável que <i>Super 8 </i>está muito acima de um <i>Indiana Jones 4</i>, por exemplo).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E como ele obtém tal resultado espantoso? Como um bom aluno o faz – aprendendo e criando. É exemplar o uso de efeitos especiais neste filme (chega a ser ridículo assistir a um filme de James Cameron após <i>Super 8</i>, afinal o que Cameron tem de histérico e inseguro, Abrams tem de comedido e certeiro), que são consequência da escola Spielberg de formação de diretores. Porém, mais que exemplar são sequências como a de Alice maquiada como um zumbi simulando um ataque a Joe: a delicadeza devastadora do campo/contracampo da cena (campo/contracampo que respeita e celebra toda a potência que um acontecimento daquele tem na vida de um garoto de 13 anos) atinge um efeito emocional que não é consequência apenas de um roteiro bem amarrado, mas principalmente da cuidadosa e rigorosa orquestração de cada plano envolvendo Joe e Alice. Desde a apresentação sobrenatural da personagem dela (um zoom-in que revela aos poucos a presença de algo que aqueles meninos quase não conhecem e que Joe acabou de perder: o elemento feminino), até o silêncio tenso de quando Alice se refere pela primeira vez à morte da mãe de Joe (mais uma vez potencializado pelo campo/contracampo), até o segurar a mão um do outro na última cena, Abrams trabalha com convenções que nós conhecemos de trás pra frente e que já foram tão mal utilizadas que são consideradas, hoje em dia, balela. O que me assombra é como este diretor de apenas três filmes transforma uma aparente camisa de força em um trampolim, e voa livre e sem cinismo por um universo que o precede em muitos anos.</div>
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A nostalgia em <i>Super 8</i> não é resultado apenas de uma localização do enredo, mas principalmente da possibilidade que nos é dada de revisitar um <i>modus operandi</i> com o qual nos acostumamos e que, aparentemente, até seu principal fundador abandonou por algum tempo. Quando na última sequência nós sabemos que Joe vai soltar o colar que era da mãe (e que é a lembrança mais preciosa que tinha dela) e, com as mãos desocupadas, vai procurar as mãos de Alice como novo apoio emocional, nos emocionamos ainda mais por uma questão de antecipação do que de concretização. Sabemos que é aquilo que precisa acontecer – assim como as crianças aceitam com mais facilidade as regras da fantasia nós somo levados a aceitar que é, sim, aquele o único desfecho possível; onde as crianças, enfim, são levadas a sério e subjugam, mesmo que por pouco tempo, a realidade dura do cotidiano adulto. No fim das contas, não é questão de vencer o bem ou o mal (até porque o filme não propõe essa divisão), é, isso sim, sobre a valorização de certos ideais artísticos – como a imaginação e o rigor.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Interessante que os últimos três filmes que assisti (<i>Film Socialism, </i>do Godard, <i>A Árvore da Vida</i>, do Mallick e este <i>Super 8</i>) se detenham, em maior ou menor grau, nas crianças. Cada um apontado do seu jeito extremamente singular para uma direção de entendimento de nossas origens. Cada um chafurdando neste período da vida em que somos, aparentemente, mais verdadeiros; procurando as belas imagens que são belas por serem falsas, pedindo ao público que acredite, nos lembrando que mais importante que a verossimilhança é a Verdade, pelo menos quando falamos em arte.</div>
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Spielberg-Pan plantou, afinal, uma semente. A semente da infância. Eu prefiro esta ingenuidade infantil à “maturidade” de um Ron Howard ou de um Jason Bateman; diretores que a cada filme estrangulam um pouco mais a sua capacidade de criar. Levando para as telas tubarões assassinos, extra-terrestres amigáveis, dinossauros perdidos, Spielberg fez muito mais pelo cinema do que qualquer Spike Lee ou Paul Haggis – nos lembrando que para algo ser verdadeiro é só preciso acreditar, este diretor-criança salvou um pouco nossa geração, e tornou possível grandes espetáculos de sensibilidade e técnica como este afetuoso e necessário <i>Super 8.<o:p></o:p></i></div>
</div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-60552828404224189712011-08-15T01:06:00.004-03:002012-08-09T22:28:36.144-03:00“e se acaso distraído eu perguntasse ‘para onde estamos indo?’ (...) ‘estamos indo sempre para casa’”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT8vA89mc5DUc61cWZvfykTsexHClKnI6_KJqhmS3N6YBJ_aygVT3sDLkmemDLUSH6r51EtKT26cbAEABcA1WrhwLLei6ilyzhyDh9ZmktZPTfR60gxHhbmia8_iiSluBWFuG5Y4ukLI1Q/s1600/%25C3%25A1rvore+2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640930861059992338" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT8vA89mc5DUc61cWZvfykTsexHClKnI6_KJqhmS3N6YBJ_aygVT3sDLkmemDLUSH6r51EtKT26cbAEABcA1WrhwLLei6ilyzhyDh9ZmktZPTfR60gxHhbmia8_iiSluBWFuG5Y4ukLI1Q/s400/%25C3%25A1rvore+2.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 250px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a>
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Por prematuro que seja, é importante esse registro do primeiro impacto de <i>A Árvore da Vida </i>sobre mim. Um filme que, desde seu início, propõe ao espectador passar pela experiência transcendental que os filmes de Kubrick e Tarkovsky costumavam ser – e que, hoje, os filmes de Theo Angelopoulos são.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Diante de nossos olhos está um homem com uma missão sagrada: aquele ato tão difuso que se confunde entre a revelação e o enigma, chamado às vezes milagre, às vezes mistério e, nesse caso, cinema. Mallick, ao que parece, foi o diretor que melhor absorveu as mudanças ocorridas no romance do século XX – o fluxo de consciência de Faulkner e Virginia Woolf está lá, não há dúvida, mas transmutado para a imagem expressiva de um cineasta que desafia a câmera a uma corrida pelo registro daquilo que de mais divino existe nas coisas que nos cercam.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKRuqDImNb3M6_5tDas9Jq-SB-viQoLNwR4G8yARhHvYxGqHX3gpXXGCKHJBWMdw_Ypz2T6YCFjWfCbbY9qBy_Rip7IPJPzWrDdIzOZE4EoBUxm42sM6CulEsJ-zRrgkopRtzp59PWtEjB/s1600/%25C3%25A1rvore+1.jpeg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640930758176036498" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKRuqDImNb3M6_5tDas9Jq-SB-viQoLNwR4G8yARhHvYxGqHX3gpXXGCKHJBWMdw_Ypz2T6YCFjWfCbbY9qBy_Rip7IPJPzWrDdIzOZE4EoBUxm42sM6CulEsJ-zRrgkopRtzp59PWtEjB/s400/%25C3%25A1rvore+1.jpeg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 215px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
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É já a epígrafe que nos localiza em uma obra essencialmente religiosa (porém não ascética), em que todos serão encharcados pela luz úmida e quente da criação, da <i>graça</i>. Mallick trabalha com forças que só sabem correr soltas, que não podem ser limitadas – e sendo a arte e o homem limitados por <i>natureza</i> (Mallick diz com todas as letras: “subjetivo quer dizer que só existe na sua cabeça, não pode ser provado”) podemos dimensionar o tamanho da empreitada que é filmar aquilo que sempre se excede e transborda, aquilo que nada pode conter. Durante a projeção chamaremos isso de várias coisas: Deus, vida, infância, memória, Mãe.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O presente da frustração (só o reconhecemos no filme porque sabemos que nunca romantizamos ou engrandecemos o presente) e o passado da origem guerreiam, aqui, a mesma guerra de <i>Lavoura Arcaica</i> – afinal, somos aquilo da onde viemos, e na lente líquida de Mallick reconhecemos o momento em que passamos a repudiar a origem que nos criou como somos, repudiando, assim, principalmente a nós mesmos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A atmosfera uterina de constante segurança e risco, aquela sensação tão orgânica de sairmos de dentro de algo vivo e nos alimentarmos dessa vida, a possibilidade de olharmos para trás e contemplarmos nosso início, todas essas coisas, impregnam o quadro de Mallick e produzem a beleza quase exaustiva desta obra. Exaustiva e necessária – afinal, do início dos tempos até o fim de tudo, talvez o que de mais concreto reste ao ser humano sejam as imagens. A imagem translúcida, vibrante e graciosa da mãe. A imagem dura, consistente e vaidosa do pai. A imagem de um par correspondente a nossa essência na forma de um irmão.</div>
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Se em <i>O Novo Mundo</i> (especialmente na morte de Pocahontas) Mallick explorou o máximo que pôde as elipses, o não-dito, o extra-campo, o que o olhar só pega de relance; aqui ele parece ultrapassar-se a si mesmo e entregar-se por inteiro ao tão falado fluxo de vida que tudo leva (daí a imagem re<i>corrente</i> da água, o elemento que possui as partes mais indissociáveis de seu todo), na liberdade da linguagem que, na corajosa escolha de não limitar seu objeto, o torna mais misterioso e imperscrutável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É besteira falar em presente, passado ou futuro. A noção de continuidade? Só existe a serviço da memória afetiva-transcendental-individual-coletiva. A cena? A sequência? O filme tem toda sua unidade justamente na forma como suas partes aparentemente não se cruzam, não se correspondem. Como se chegássemos a um lugar e, só então, percebêssemos que tudo que nos aconteceu durante toda nossa vida (e antes dela) nos levou até ali.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É muito, mas não é demais. Terrence Mallick acaba de tornar ainda mais divina a profissão de cineasta. O criador lança sua criação como desafio àqueles que pretendem entender a existência. É destino consumado que haverá o momento em que a criação desafiará o criador. Disso nenhum criador escapa. Assim como ninguém escapa da Graça e como ninguém escapa da Natureza, os corajosos também não escaparão desse filme, irão, sem sombra de dúvida, o mais rápido possível em sua direção.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3PmQ6lz5N88k6pPzWKRyxrqsNVtdo8t6_m9nv2ELz7gfzCfYEc-aSVqY6DbKrildnet6Ls39Z64ZO1KpG_rJ_yv9FF7OpCuzcoshLQyLzOS40Acv5VA2xG0Wu_vzVHP43NXJUsyrDsnP9/s1600/%25C3%25A1rvore+3.png" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640930584983906962" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3PmQ6lz5N88k6pPzWKRyxrqsNVtdo8t6_m9nv2ELz7gfzCfYEc-aSVqY6DbKrildnet6Ls39Z64ZO1KpG_rJ_yv9FF7OpCuzcoshLQyLzOS40Acv5VA2xG0Wu_vzVHP43NXJUsyrDsnP9/s400/%25C3%25A1rvore+3.png" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 202px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a>
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<span class="Apple-style-span"><u><br /></u></span></div>
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<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Amigo Totoro</i> é sobre a beleza. É sobre o pânico histérico que vem da possibilidade dessa beleza desaparecer diante dos nossos olhos.</div>
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Não é um épico; é um diário - onde, antes de qualquer coisa, o autor parece querer falar sobre como o tempo anda em círculos de conforto intermitentemente tomados de assalto pela melancolia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não é a fantasia que invade a animação de Hayao Miyazaki – somos nós (público, personagens) que invadimos a fantasia da mente mais intrigante e fascinante deste século. Daí que a imagem mais exata para a arte de Miyazaki seja o vôo: vôo de espírito, vôo de linguagem. Mei é, ela mesma, a própria Animação: a fluidez e vivacidade dos seus movimentos – como disse um amigo – jamais teriam a mesma espontaneidade no corpo de um ator; porque o que Miyazaki evidencia é um movimento que nem nossa retina é capaz de captar, apesar de ser notório que tal dança de membros ocorre na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">realidade</i>.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Amigo Totoro </i>é o antídoto contra toda a vulgaridade, contra todo o cinismo e contra toda a maldade do mundo. Miyazaki quer falar, sempre, daqueles que não aprenderam ainda a ter vergonha de chorar, daqueles que choram gritando e voam sonhando enquanto árvores mágicas crescem a seus pés.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As duas irmãs protagonistas, na espera cruel que lhes é imposta, vão chutando com graça e curiosidade as pedras do seu cotidiano, e é neste <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hang-out </i>infantil (e, geralmente, tão ignorado pelos grandes estúdios de animação) que está o interesse do movimento animado: o vento que põe tudo em movimento é Totoro, que é Imaginação, que é Criança, que é Animação, que é o Artista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Repito: é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">desesperador</i></b> voltar para este mundo em ruínas após tanto tempo na companhia do belo – é, no entanto, necessário; e, após <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Amigo Totoro</i>, até este nosso mundo se torna mais suportável.</div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-40167962621107238292011-06-07T23:20:00.003-03:002012-08-17T12:29:16.447-03:00Ao Humano e A L É M<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9HwlhNqtZHVoq4GCrwEJrDohwUy1V6uobGrpecxVZgZsCs0XDP_5Jy1HlFzd3uRzITQHRnDfi0z1eI9QM_f714zvlJN52pQicoUS5RTORiDokwpuOxGNGcVvUgxUwlyIe3iO26kwg36NZ/s1600/jogo.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5615669626337866050" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9HwlhNqtZHVoq4GCrwEJrDohwUy1V6uobGrpecxVZgZsCs0XDP_5Jy1HlFzd3uRzITQHRnDfi0z1eI9QM_f714zvlJN52pQicoUS5RTORiDokwpuOxGNGcVvUgxUwlyIe3iO26kwg36NZ/s400/jogo.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 235px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
<div class="MsoNormal">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><b>Jogo</b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Penso que só há jogo quando há diálogo. Dialética. Não faz sentido criar uma estratégia e colocá-la em ação a não ser que se tenha em mente algo exterior a nós mesmos; algo que nos ultrapasse.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não existe monólogo no jogo. Tudo é dirigido a alguma coisa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i>
<b><o:p> </o:p><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cena</i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Me parece que cena é aquilo que nossa percepção cinge. É nossa limitação e nossa liberdade de escolha. É o que se passa dentro e fora. É o que está aqui e lá. No diálogo (jogo) entre cenas configura-se A cena, essa quase instituição que respira através da subjetividade inescapável do ponto de vista, mas que, sentimos e sabemos, é bem maior do que nossos olhos podem (e devem) alcançar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><b>Salvando uma vida</b><o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eduardo Coutinho coloca um anúncio no jornal “recrutando” mulheres que queiram contar suas histórias diante de uma câmera. Depois escala atrizes que interpretarão essas histórias, também diante das câmeras. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diante</i>, neste caso, é palavra essencial: porque aquilo que Coutinho faz (não sei se é possível chamar de cinema, de arte, de milagre) sempre parece lembrar à câmera que é dela o privilégio de estar colocada frente à matéria humana – e não o contrário.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Humana</i> também é palavra essencial; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo de Cena</i> é, primeiro e principalmente, fruto de tudo o que é e que nos torna humano(s). No relato interpretativo das mais diversas histórias (cada uma trágica dentro de sua proporção) encontro com verdades e revelações que dizem respeito a cada um de nós. Aquelas mulheres, como anunciadoras da boa nova, verbalizam com seus olhos que só passando pelo desespero chega-se a salvação. Não que alguém se salve em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo de Cena</i> (muito pelo contrário); mas se a salvação é possível é só pelo calvário da desistência.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
E isso é só o tema.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Sentado em um palco de teatro vazio, com uma câmera e um microfone direcional, Coutinho desafia toda e qualquer idéia acabada que tenhamos formulado sobre ficção, realidade, narração, personagem, memória, sinceridade, criação, manipulação, etc, etc, etc. No processo que inicialmente se desenrola pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jogo</i> de adivinhação de quem é a atriz e quem é a pessoa “real” e que atinge o alvo da metalinguagem espelhada quando nos força a perguntar qual a verdade da atriz que finge mentir e qual a mentira da pessoa real que garante dizer a verdade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Perplexa, maravilhada, fascinada, Fernanda Torres contempla o momento em que a memória de outrem entra em sua corrente sanguínea emocional e torna-se memória SUA. No ímpeto de REpresentar (reapresentar? (N)o que a repetição (se) transforma?) a atriz cria o novo; novo porque não existia antes, ao mesmo tempo que ancestral porque sempre existiu através de outras vozes, de outros olhos, de outras lágrimas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Na montagem divina (divina por ser plenamente humana, nunca podemos esquecer) vozes emolduram cenas; pausas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dramáticas</i> exigem closes; lágrimas pedem respeito. É Coutinho, talvez, um dos homens que mais se aproxima de Hitchcock no amor pela imagem; e também o que mais se afasta – porque Coutinho vê além da imagem, Coutinho quer tudo que ela representa (essa palavra que persegue as atrizes e que se impõem às mulheres “reais”). Como nas fotografias de Sally Mann, a potência das imagens de Coutinho parece estar mais em algo que já foi, que já não existe, restando “apenas” aquelas cinzas que vislumbramos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
É ainda preciso dizer que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo de Cena</i> é das coisas mais lindas já feitas em homenagem ao melodrama (gênero genuinamente feminino – sem melindres!). Que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo de Cena</i> reduz seu aparato técnico ao mínimo do mínimo para que não reste dúvidas do que é aquilo que realmente importa. É preciso dizer. É preciso chorar por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo de Cena</i>. É preciso amá-lo, do jeito que é preciso que amemos nossa mãe, nosso pai, nossa origem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Não sei mais escrever; esse ato fílmico me esgotou, me calou. Me mudou.</div>
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><br /></span>
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">Fazia tempo que não me deparava com o Amor em estado tão bruto.</span>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-85402535742976080562011-05-08T21:07:00.010-03:002011-05-10T00:56:33.011-03:00De partir o coração<div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">É desconcertante o alcance do tempo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Esta linha que só sabe (e só é capaz) de seguir em frente nos empurra para adiante mesmo quando nosso coração ainda olha para trás. E sempre olhamos para trás – nos arriscando diariamente a nos tornarmos estátuas de sal; mas sem poder evitar o ancestral ímpeto de contemplar o que passou.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Talvez venha deste meu lado que sempre pendeu para a nostalgia o gosto que tenho por acompanhar séries de TV. A satisfação que sinto ao reconhecer uma mesma frase que foi dita temporadas (e anos) atrás, de relembrar um mesmo plano, de reencontrar com um personagem querido, são coisas que o cinema não me proporciona na mesma proporção. E é de todo o envolvimento que invisto sempre que me disponho a acompanhar uma série que vem a dor quase infantil que sinto quando é hora de dizer Adeus.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Comecei a assistir <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> de forma quase relutante. Era muito constrangimento, era muita liberdade, era a superação de um modo de produção que cresci assistindo e pelo qual tenho grande carinho (a boa e velha sitcom). Mas não é possível ignorar <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> por muito tempo. Aquelas câmeras na mão, aqueles personagens aparentemente tão pequenos, aquela aparência pálida e medíocre de uma empresa que vende folha de papel não me saiam da cabeça e ficava cada vez mais evidente que algo de muito precioso estava abrigado sob o teto da Dunder Mifflin.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">A versão americana (nunca assisti à original inglesa, da BBC) foi concebida por Greg Daniels e, pelo que dizem, demorou um pouco para encontrar o tom que a diferenciaria de sua matriz; mas quando encontrou...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">De início pensei que <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> ia ser mais uma série de comédia cínica que, em questão de episódios, me faria ter desprezo e nada mais por todos os personagens. Me enganei redondamente, pois um dos problemas mais graves da comédia em geral foi graciosamente superado pela equipe de alucinados que trabalham nesta série. Me refiro aqui a difícil combinação entre comédia e <i style="mso-bidi-font-style:normal">ternura</i>, que sempre angustia qualquer roteirista, diretor ou produtor que resolva se lançar ao desafio de fazer rir toda semana. <i style="mso-bidi-font-style:normal">Seinfeld </i>ignorou o máximo que pode a questão emotiva (até explodir de carinho por seus personagens no final, afinal o último episódio é nada mais nada menos que um afetuoso flashback), <i style="mso-bidi-font-style:normal">Gilmore Girls</i> era muito engraçado para ser drama e muito dramático para ser comédia (foi sempre um injustiçado híbrido), <i style="mso-bidi-font-style:normal">Os Simpsons </i>tende a ser criticado justamente nos momentos em que se decide por um caminho mais <i style="mso-bidi-font-style:normal">doce</i>. No cinema não é muito diferente: nos acostumamos a gargalhar durante a comédia e a esperar sentados e impacientes que o drama passe logo para que possamos voltar a rir sem ter que nos preocupar com as sequências açucaradas. Neste impasse do humor Chaplin, claro, sempre foi um mestre – mas era CHAPLIN. Woody Allen só em seus picos criativos conseguiu conciliar as duas pontas (e aí temos <i style="mso-bidi-font-style: normal">Annie Hall</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">Manhattan</i> e <i style="mso-bidi-font-style:normal">Memórias</i>). Jerry Lewis dizia que o drama era fácil: você mostra um cara lendo jornal enquanto toma café, depois mostra ele dirigindo até o trabalho e pronto, tem-se drama. Agora a comédia... aí a coisa já mudava de figura. Nos mais diferentes contextos havia sempre a constante de considerar comédia e doçura como antagonistas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Os roteiristas e produtores de <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> (e nesta lista estão desde pessoas do elenco até velhos amigos de faculdade) sempre tiveram uma postura que me agradou imensamente neste quesito: a de não menosprezar nem a potência libertadora da comédia e nem as possibilidades cativantes do drama. E se, desde seu início, o programa acostumou a platéia a se “emocionar” majoritariamente com os momentos dedicados à história de Jim e Pam (única história de amor que se equipara a de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Anos Incríveis</i>), não deixa de ser curioso que com o <i style="mso-bidi-font-style:normal">tempo</i> o envolvimento emocional de produtores, atores e espectadores com os personagens da série tenha nos levado até a catarse que representa o último episódio que foi exibido: a despedida do “world Best boss” Michael Scott.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Foram os quase sete anos de constrangimento, falta de noção e amizade que nos levaram às lágrimas nesta despedida. Foi a construção meticulosa do cotidiano modorrento e surpreendentemente bonito da Dunder Mifflin que fez com que todos aqueles que acompanharam a série com atenção compreendessem imediatamente que a despedida de Michael Scott era o fim do mundo que conhecíamos. E neste mundo sempre me deleitei com a sensação de que tanto os envolvidos na produção da série quanto eu e você, vez ou outra, nos surpreendíamos com a vastidão daquele escritório. Seria pura tolice, neste caso, abrir mão ou tentar eliminar da série as inúmeras possibilidades dramáticas que, ano após anos, só iam aumentando. Daí temos obras-primas do humor (a descoberta de que Oscar é gay, o falso incêndio provocado por Dwight, a entrega dos Dundies) e do drama (a entrega da medalha à Michael quando ele compra sua casa, o pedido de casamento de Jim, a entrega dos Dundies). E agora junta-se ao time de episódios irrepreensíveis de <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> o adeus à Michael.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Se desde sempre <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> fez questão de chamar atenção para seu formato (o chamado <i style="mso-bidi-font-style:normal">mockumentary</i> – um documentário de mentira que apresenta de forma documental algo que sabemos ser ficção), e, ao contrário das sitcoms, sempre fez da câmera parte indispensável de seu efeito cômico/dramático, neste último episódio temos uma espécie de revisão de todas as regras estabelecidas desde a primeira temporada, retificando algumas e superando outras (dependendo do efeito almejado). Como assim retificação e superação? Peguemos as principais pessoas de quem Michael se despede neste episódio: Toby, Erin, Dwight, Jim e Pam; para cada um teremos certas escolhas formais que impulsionarão a cena em direção a um certo alvo narrativo.</p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">O odiado (e desprezível) Toby ganha o primeiro sorriso de Michael – em um campo/contracampo hilário que evidencia todo o asco que Michael sente pelo cara dos recursos humanos e que é encerrado com o sorriso mais congelado e forçado da história da série (e estamos falando de sete temporadas do mais puro constrangimento, o que não é pouco).</p></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFaJPNHu7UfMX6WGZv1s63N4wRzxha82zDLcJZaQV9irEtmHxN4Pztaqz0029Vz_PhWhTtyI2rCjSJwlfhlv8WZ8eXoKPP4ZeIgfz0fncRA5Qc05aV82Xalss5qOoFLMGLkzRVQ4CD-BGU/s1600/michael+toby.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFaJPNHu7UfMX6WGZv1s63N4wRzxha82zDLcJZaQV9irEtmHxN4Pztaqz0029Vz_PhWhTtyI2rCjSJwlfhlv8WZ8eXoKPP4ZeIgfz0fncRA5Qc05aV82Xalss5qOoFLMGLkzRVQ4CD-BGU/s400/michael+toby.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604502898530685218" /></a><br /><div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Erin ganha a revisitação de um plano que já conhecemos: sentados do lado de fora do escritório, ela e seu chefe/pai discutem a vida amorosa dela. Nenhum dos dois fala em “Adeus”, mas nós sabemos que aquele plano nunca mais voltará na série – é um despedida toda construída sobre uma escolha formal.</p></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjypZGVfaQMrJSZR8TabDJGkNkzleuPMuks_IEVWlC7BgbkUr3C6-SDH2rR8Hd86alc97oOnSTPurOgJ-c5U7B1_vbMbwzok2PqLaKob9ojOROsfQcReriWLURNdYjF-8L0oSZbZu8vZL5h/s1600/michael+erin.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjypZGVfaQMrJSZR8TabDJGkNkzleuPMuks_IEVWlC7BgbkUr3C6-SDH2rR8Hd86alc97oOnSTPurOgJ-c5U7B1_vbMbwzok2PqLaKob9ojOROsfQcReriWLURNdYjF-8L0oSZbZu8vZL5h/s400/michael+erin.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604502711843502930" /></a><br /><div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Chega a vez de Dwight (talvez o personagem mais difícil de encaixar no tom saudoso e melancólico do episódio) e a solução encontrada por Greg Daniels e Paul Feig (diretor do episódio e um dos criadores de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Freaks and Geeks</i>) é tanto inteligente quanto sensível: em um leve zoom-in, que é inédito para o registro de Dwight, acompanhamos a sua surpresa ao ler a carta de recomendação que Michael escreveu para ele; e finalmente entendemos o que a palavra “supremo” significa. Daniels sabe que a despedida daqueles dois jamais seria bem representada através de lágrimas e resolve tratá-los por aquilo que sempre foram: crianças, daí a guerra de paintball que chega antes que pudéssemos presenciar o choro de Dwight.</p></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1IyzTwNrDZn7gCO9GR1rGKdPMQ60HHqu_Uf1KFC9SN3h57sZBKqiNf8SNPZ_zSmXQtyLVxYfBj06el5w6Mw037y-g0Q3rEtrELbm7cxpvSTWN8G4S2HGgLKuOitaWEq9Wa1-6-2VCTFl/s1600/michael+dwight.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1IyzTwNrDZn7gCO9GR1rGKdPMQ60HHqu_Uf1KFC9SN3h57sZBKqiNf8SNPZ_zSmXQtyLVxYfBj06el5w6Mw037y-g0Q3rEtrELbm7cxpvSTWN8G4S2HGgLKuOitaWEq9Wa1-6-2VCTFl/s400/michael+dwight.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604502533963613234" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 17px; ">O grande indicador de quão absurdas as situações que aconteciam naquele escritório eram sempre foi Jim. O olhar algo desesperado que ele tendia a lançar para a câmera sempre que o constrangimento tomava conta da cena se transformou na principal expressão do personagem. E é esta a força de termos Jim olhando <i style="mso-bidi-font-style:normal">diretamente</i> para Michael, com lágrimas nos olhos, e admitindo que ele foi o seu melhor chefe – olhar que também deixa claro que ele é, talvez, o único que compreende que a despedida mais difícil de todas ainda estar por vir.</span></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYuGUnUl3LulXYtc1ArU7A2E4CKYSH4Q1jj2rMqYcQ4NIG7bQCVhmAf2Wvc9AiIeMzSd6ke6BQgXRiwrNWA5yvIYuC_zJT33kTd9TxzM4LtdiLtIg2OHV2IIt5S6DT5CG5AuWWw3_e6bh0/s1600/michael+jim.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYuGUnUl3LulXYtc1ArU7A2E4CKYSH4Q1jj2rMqYcQ4NIG7bQCVhmAf2Wvc9AiIeMzSd6ke6BQgXRiwrNWA5yvIYuC_zJT33kTd9TxzM4LtdiLtIg2OHV2IIt5S6DT5CG5AuWWw3_e6bh0/s400/michael+jim.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604502278115951698" /></a><br /><div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Pam sempre foi uma espécie de mãe de Michael. É ela o personagem que melhor entende como funcionava a perturbada mente daquele “executivo”. Sempre foi ela a primeira a perceber que no absurdo ambulante que é Michael Scott havia uma beleza de caráter inconfundível (assim como Michael sempre foi o primeiro a reconhecer em Pam uma capacidade criativa que a maioria sempre subestimou). E por mais bonita que seja a história de amor de Jim e Pam não posso deixar de lembrar como a relação de Pam e Michael sempre foi tratada com uma solenidade que é absolutamente adequada ao nível de cumplicidade que ambos atingiram no passar das temporadas. É, sem sombra de dúvida, intimidador ter que criar o último momento perfeito que condense toda a potencialidade desses dois; a opção foi, então, deixar as palavras para trás. Após o derradeiro “that’s what she said”, após a retirada <i style="mso-bidi-font-style: normal">formal</i> de Michael do universo documental da série, é Pam que invade o quadro apressada e repete o abraço da terceira temporada (abraço que Michael ofereceu a ela após reconhecer o esforço que ela havia feito para ser vista enquanto <i style="mso-bidi-font-style:normal">artista</i>), e assim como em alguns outros momentos dramáticos essenciais para o desenvolvimento dos personagens, somos provisoriamente deixados de fora da cena (não ouvimos nada) para depois participarmos daquela emoção tendo diante de nós aquela ex-secretária emocionada garantindo que nosso querido Michael está esperançoso em relação ao futuro. É o ponto de vista Pam, por fim, que é adotado como definitivo Adeus; da mulher que, de repente, melhor entendeu Michael Scott.</p></div><div><br /></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuGGdNwC9PiCszzy_WsYzwzhqFfxG3GHGmcJcUuy1wfx0CrgQygDgYjZIPkXTGYgXJoQtsy8rPc0fIgZeeFcDXkPpPTqtbBwOeDeyDi_htPHIC2zeuxcDccPprL8FrYZOdBT4lVvYEehA_/s1600/the+office.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuGGdNwC9PiCszzy_WsYzwzhqFfxG3GHGmcJcUuy1wfx0CrgQygDgYjZIPkXTGYgXJoQtsy8rPc0fIgZeeFcDXkPpPTqtbBwOeDeyDi_htPHIC2zeuxcDccPprL8FrYZOdBT4lVvYEehA_/s400/the+office.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604501932204062258" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuZSdXjsrpkRefEbsgj_wKOWcWJ0qm1aO4iJHMnFCevuEIYYiEM9QCxnsHMYMypVQ1rzI3Ovm7EFrEZv6rBiW-4dIrwlWwFoIFk-McfK569JNiHSFIDFWlSN_fjaKWP1oPBM6H1Z_0Kuvc/s1600/the+office2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuZSdXjsrpkRefEbsgj_wKOWcWJ0qm1aO4iJHMnFCevuEIYYiEM9QCxnsHMYMypVQ1rzI3Ovm7EFrEZv6rBiW-4dIrwlWwFoIFk-McfK569JNiHSFIDFWlSN_fjaKWP1oPBM6H1Z_0Kuvc/s400/the+office2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604501928479293634" /></a><br /><div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Um amigo me contou que Bordwell escreveu um texto uma vez sobre a TV, o nome era “Tv will break your heart”. O autor se referia a recorrência de despedidas nas séries televisivas, a ter que, às vezes inesperadamente, ver o fim de uma obra de arte que já durava anos e anos. Este último episódio de <i style="mso-bidi-font-style:normal">The Office</i> partiu meu coração. Michael está agora na companhia de Lorelai, Kevin, Monica, Kramer e outros grandes amigos que foram embora. Fica, agora, este peso no meu peito (-That’s what she said). <span style="mso-spacerun:yes"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">P.S.: esse texto é dedicado às risadas da Glenda e do Miguel que me fizeram (e farão) companhia em muitos episódios de <i>The Office.</i></p></div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-63455041625248983912011-05-03T21:40:00.006-03:002011-05-04T01:35:59.364-03:00A Origem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ZSOcDdbu8OE3ca6udNL_7pDc_y5aSjVBZe87u4HM3g-ehA0Jsc4kXXkGjKGP0cbjKKJ2kSq_aZNnBRyeAwO7uEVEEr1g6o8lcPa4C8mqEEuB93utoSkA3UnpgOIVY3VXT1x9ge3KEwaX/s1600/panico2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ZSOcDdbu8OE3ca6udNL_7pDc_y5aSjVBZe87u4HM3g-ehA0Jsc4kXXkGjKGP0cbjKKJ2kSq_aZNnBRyeAwO7uEVEEr1g6o8lcPa4C8mqEEuB93utoSkA3UnpgOIVY3VXT1x9ge3KEwaX/s400/panico2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5602657116413425250" /></a><br /><div><br /></div><div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Tem me surpreendido o silêncio da crítica diante de <i>Pânico 4</i>. Primeiro pelo sucesso comercial da franquia e sua consequente legião de seguidores que inundou o gênero <i>slasher</i> na última década do cinema de terror americano. Segundo, e mais importante, por ter sido o melhor momento que tive nesse ano dentro de uma sala de cinema (e olha que já estamos em Maio).</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Com exceção da crítica de Wellington Sari para o site da Contracampo (<a href="http://www.contracampo.com.br/96/critpanico4.htm">http://www.contracampo.com.br/96/critpanico4.htm</a>), que apesar de ter dado destaque ao filme enveredou por uma associação com o caso da escola de Realengo que não me agrada muito, <i>Pânico 4</i>, ao que me parece, passou meio despercebido – irônico, pois imagino que tenha sido ostensivamente distribuído pelo Brasil todo.<i><span></span><o:p></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">O primeiro da série assisti Deus sabe há quanto tempo, na Band, dublado, no início da adolescência. Mesmo num tempo tão distante me ficou a imagem de um filme que não parava de se criticar e se subverter, e que criou minha heroína favorita do gênero – a persistente e perturbada Sidney Prescott. Penso que de alguma forma inconsciente eu já sentia toda a potência que a metalinguagem tinha nas mentes de Wes Craven (diretor) e Kevin Williamson (roteirista), que estiveram envolvidos em todos os filmes da série (Williamson só não escreveu o roteiro do terceiro, que, no entanto, produziu). Não esperava que essa metalinguagem crescesse tanto a ponto de atingir o patamar de franca carta de amor ao cinema de horror que este quarto representa.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">É indispensável que se diga, vale lembrar, que o filme não se valoriza apenas por reconhecer todos os ótimos membros que o precedem na família da qual faz parte. Trata-se, antes, de uma idéia instigante levada às últimas consequências com muito vigor por Craven. E essas inconseqüentes conseqüências não poderiam ter se dado em nenhum dos três primeiros filmes da série, neste caso por um contexto social-histórico-técnico típico de nosso tempo imediato: a internet e toda a interatividade que ela promove no campo virtual (e, por que não?, ficcional).</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Williamson e Craven parecem ter tido suas cabeças formatadas pelo fenômeno da conectividade mundial e pela vertiginosa velocidade em que a informação se espalha pelo globo. Imagino os dois se deparando com fenômenos como o Facebook, a explosão de blogs e a tecnologia portátil e se perguntando que efeitos tais circunstâncias teriam no universo narrativo que criaram nos últimos 15 anos. E é desde o início da projeção que a dupla deixa claro que não estão para brincadeira: pois o filme será sempre uma caixinha dentro da outra dentro da outra e dentro da outra, pulando na nossa frente e afirmando com dedo em riste “vamos ver quem engana quem por mais tempo da forma mais criativa”. Deste pira-esconde estético/narrativo temos a essência de <i>Pânico 4</i> – um filme que olha com certa admiração para a geração que tão rapidamente decodifica códigos tradicionais, mas que também a desafia a <i>compreender</i> porque esses códigos se tornaram tradição e até que ponto eles podem ser subvertidos tendo como ponto de partida apenas uma evolução técnica.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Temos, então, as várias jovens que assistem inúmeras versões de <i>Stab </i>(falsa série de terror criada desde o segundo <i>Pânico</i> e que leva aos cinemas ficcionais os acontecimentos de Woodsboro): elas criticam as convenções que todos nós conhecemos muito bem ao mesmo tempo em que mostram que essas convenções podem ser facilmente descartadas, bastando para isso alguma pitada de rebeldia e bom humor. Teríamos até esse ponto um simples <i>Todo Mundo em Pânico</i> mais legítimo? Não, estas primeiras sequências são antes uma defesa (e nunca uma ridicularização) de um certo modo de levar o suspense para as telas, transformando-o em imagens. Este modo nada mais é do que aquele que tem seu ícone máximo no assassinato de Drew Barrymore no primeiro <i>Pânico</i>: uma garota (ou garotas) bonita sozinha em casa, o telefone toca, ela não está sozinha, ela não sabe onde está o assassino, ela vai morrer. As camadas narrativas vão se evidenciado até que chegamos à sua matriz: reencontramos Sidney, Gale e Dewey (personagens com os quais nos acostumamos a nos importar – e isso é essencial para o “suspense humanista” de Craven e Williamson); cada um com sua vida sempre definitivamente modificada pelos acontecimentos que se sucederam desde 1996. Porém, temos agora a presença numerosa de uma novidade: as câmeras “amadoras”. Câmera que Gale segura e que revela que o assassino se aproxima dela a um marido que assiste à cena quase explodindo de angústia, câmera do <i>geek</i> que anda sempre presa a sua cabeça e que registra tudo o que ele vê transmitindo as cenas, em tempo real, para seu blog (e que é o ponto de visa adotado para mostrar ao personagem que ele também irá morrer – acontecendo um uso no mínimo irônico daquilo que chamamos câmera subjetiva), câmera que o próprio assassino esconde em uma festa para registrar sua “obra de arte” e eternizá-la através de imagens em movimento. Câmeras que tornaram mundialmente conhecido o caso de Sidney e que criaram, em última instância, o seu mais terrível algoz: o assassino que se vende como vítima para atingir alguma notoriedade pública.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; "><i>Pânico 4</i> é, assim, um filme radicalmente <i>opaco</i> – sendo-o plenamente em um gênero que, aparentemente, necessita da transparência para atingir o essencial envolvimento do público com sua narrativa. Claro que isso, por si só, não garantiria tantos méritos; pelo menos não quando visto pelo olhar sempre titubeante daquilo que é “novidade” (lembremos de <i>Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai</i> e <i>Peeping Tom</i>, este último sendo lembrado pelo próprio filme). Mas é em uma cena como a da revelação da identidade do assassino que está a verdadeira grandeza deste quarto volume da série: em um jogo de duplicação de causas e efeitos, de inversão da moral da vítima e de releitura da cartilha do horror, Craven e Williamson exploram toda a abrangência do amor que têm por aquele mundo. É quando a nova vítima (a descendente direta de Sidney) realiza a <i>mise-em-scéne</i> da qual ela irá se beneficiar temporariamente (tal qual os maridos assassinos de <i>Janela Indiscreta </i>e <i>Um Corpo que Cai</i>) que <i>Pânico 4 </i>retira sua última máscara e revela a sua mais aterradora face: é tudo tão “espetaculoso” que a própria dor de se ver jogado em meio a perseguição de um assassino alucinado se tornou encenação.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Era mais do que fácil, era praticamente inevitável, que Craven e Williamson se perdessem em algum momento dentro de um tal baile de máscaras que acontece dentro de uma sala de espelhos, porém é justamente a capacidade que ambos possuem de fazer com que público e personagens jamais se esquecem daquilo que é essencial para a existência, persistência e permanência daquela realidade que faz com que jamais percamos o norte da estrutura narrativa/estética deste filme. Atitude que pode ser mimetizada por um plano e uma frase. O PLANO: Sidney e Jill, deitadas diante uma da outra, ocupando a mesma posição física que é, no entanto, narrativamente oposta, logo após a (re) encenação do desfecho do primeiro filme e que serve de falso-desfecho para este último. A FRASE: Sidney, após arrancar na unha a última camada de artifícios e mentiras arregimentadas pelo assassino, vocifera para seu vilão “- You don’t fuck with the original!”.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; ">Me perdoem tantas palavras, mas já estava achando imoral o silêncio diante de um filme tão poderoso. E respondendo à pergunta do Ghostface: <i>Pânico 4</i> é um dos meus filmes de terror favoritos.</p></div><div><br /></div><div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEcuH3jvldsqnoQbvc61TYmvTc4AGPiTHptWwW8G5McEz-Sl7-G8RnrcyReuSbBZzIqExjfCZP5SnlLvvv73QEuTlF_vz_gdPBBFOautyWdmCV_bGhXqr4sJU2M8YWzuqUnNsMGcjwd57H/s1600/panico.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 266px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEcuH3jvldsqnoQbvc61TYmvTc4AGPiTHptWwW8G5McEz-Sl7-G8RnrcyReuSbBZzIqExjfCZP5SnlLvvv73QEuTlF_vz_gdPBBFOautyWdmCV_bGhXqr4sJU2M8YWzuqUnNsMGcjwd57H/s400/panico.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5602656980046353602" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-81311106891501702632011-04-05T23:42:00.003-03:002011-04-06T20:36:39.869-03:00Vestígios do dia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf8dCfGEkAS6EhWZgt40BKJ_ayvR0jrhhFDizFDUEBWLCO5wfZZk4vOC61STN5DmnJcsufxAPUz62Wzk1fOUGrSmOVCA8KBx0FSevalU6Zj0v53q-rEzjK-hT4y9Rr7HXt3HrrkygtszPq/s1600/woolf.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 298px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf8dCfGEkAS6EhWZgt40BKJ_ayvR0jrhhFDizFDUEBWLCO5wfZZk4vOC61STN5DmnJcsufxAPUz62Wzk1fOUGrSmOVCA8KBx0FSevalU6Zj0v53q-rEzjK-hT4y9Rr7HXt3HrrkygtszPq/s400/woolf.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5592297260092212210" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Um dia a muito incisiva e devotada a Tchekhov Virginia Woolf se perguntou: o que haveria no romance se não houvesse narração? O que haveria num romance que fosse inteiramente construído sobre impressões, sussurros, incertezas?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">O que poderia ser capturado se de um abraço só se revelasse o ímpeto das mãos? Se de uma perda trágica só se desvendasse uma porta batendo? Se de um amor impossível só se soubesse alguns passos solitários no meio da madrugada?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">O que resta à ficção quando não lhe resta quase nada? Virginia respondia sorrindo: resta o essencial.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Poucos são os artistas que conheço que foram tão autoconscientes do papel que exerciam na História de sua linguagem quanto Virginia Woolf. Nenhum usou tão bem quanto ela esta autoconsciência para encontrar sua própria voz.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Como Ego amava comida, Virginia amava Literatura. E como o crítico de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Ratatouille</i>, se ela não Amava, ela não engolia. Principalmente quando se tratava de suas obras.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Em um livro essencial de ensaios seus, ela nos fala da melhor forma que existe de dimensionarmos o trabalho de um escritor: ao fim do dia pense em tudo que aconteceu, colete suas impressões e sensações, suas certezas e reflexões; pegue esse amontoado de pensamentos e abstrações e tente dispô-los em ordem de forma a despertar algum interesse; tente encontrar alguma unidade em tudo o que você quer expressar, tente relacionar uma coisa com a outra e produzir desse encontro algo <i style="mso-bidi-font-style:normal">significativo</i>. Claro que não demora muito para entendermos que o trabalho (como não poderia deixar de ser) é árduo. Virginia mostra, de maneira praticamente irrefutável, que Literatura não é lugar para despejar impressões do dia, nem para <i style="mso-bidi-font-style: normal">exibir </i>habilidades estilísticas: no livro não há espaço para desonestidade e vaidade, pois a Arte para Virginia estava acima do homem (ou pelo menos o fazia entrar em contato com algo que o transcende) e não poderia se subordinar a coisas tão pequenas quanto ego e orgulho.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Não se engane o desavisado: para esta inglesa não havia tema menor ou maior; havia, isso sim, obras que encaravam a Literatura de frente e obras que tentavam driblá-la a qualquer custo. Ora, se não era o bastante uma cabeça cheia de impressões e nem uma técnica cheia de recursos, do que se tratava a Literatura então? Para Virginia, só fazia sentido falar em Arte quando se falava em <i style="mso-bidi-font-style:normal">percepção estética </i>das coisas. Um livro só seria absolutamente necessário (artisticamente falando) quando o artista era capaz de trazer suas impressões e sua técnica para a obra à luz do senso estético que está (ou deveria estar) acima de qualquer outra questão.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">O que se pode fazer com essas informações? Dar-se conta que, provavelmente, havia apenas uma coisa que Virginia valorizava tanto quanto o ato de desafiar sua linguagem: e eram os momentos de não-existência de que ela tão insistentemente falava em seus diários.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Estes momentos, comumente perdidos dentro de nossa memória que prefere selecionar e eleger instantes de maior “arco dramático”, pensava Virginia, deveriam ser de alguma forma resgatados para que ao nos depararmos com personagens e narrativas que acontecem quando ninguém está olhando pudéssemos enxergar o que os quilos de costume e repetição cotidiana nos impedem de ver. Essa escolha já não se tratava de definição categórica, mas de caminho pessoal e intransferível. Woolf sabia que era disso que precisava falar; e foi incansável na marcha incessante de trabalho e insistência que a levaram até seu estilo definitivo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">E o que seria esse “estilo definitivo”? Como Tarkovski, Virginia Woolf passou toda sua vida esculpindo o tempo. <i style="mso-bidi-font-style:normal">O Quarto de Jacob</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">Mrs. Dalloway</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal">Orlando</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">As Ondas</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">Entre os Atos</i>, são narrativas que obrigam seus personagens a deparar-se e debater-se com a indiferente passagem do tempo (que Virginia se especializou a dilatar e a concentrar a seu bel-prazer). É em <i style="mso-bidi-font-style:normal">Ao Farol</i>, no entanto, que se dá o momento mais inacreditável do gênio de Woolf. Para quem já leu <i style="mso-bidi-font-style:normal">Mrs. Dalloway</i> ou <i style="mso-bidi-font-style:normal">Orlando</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal">As Ondas</i>, não encare essa afirmação como menosprezo a essas outras obras-primas, mas sim como um meio de dimensionar toda a amplidão desta obra da onde ninguém sai ileso.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Dividido em três partes (“A Janela”, “O Tempo Passa” e “O Farol”) <i style="mso-bidi-font-style:normal">Ao Farol</i> é a obra em que a parcimônia e a delicadeza de Woolf mais abalam as fundações da ficção. Três dias se passam na vida da família Ramsay, entre cada um desses dias vários anos correm e várias mudanças ocorrem. Tudo muda em um movimento que, por fim, se revela circular. Na primeira parte somos apresentados a uma família numerosa que está de férias em uma casa de verão hospedando alguns convidados. Um dos filhos quer ir ao farol, um pedido de casamento pode estar acontecendo, uma pintora sem muitos atrativos físicos se torna cada vez mais invisível, Mrs. Ramsay (esposa e anfitrião perfeita) circula entre as várias pequenas esferas sociais que colidem em sua casa sempre destilando angústias e cultivando receios. Ocorre, então, quando Mr. Ramsay observa sua esposa que observa o farol, um dos momentos mais arrebatadores da literatura de Woolf:</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language:EN-US">“Getting up she stood at the window with the reddish-brown stocking in her hands, partly to turn away from him, partly because she did not mind looking now, with him watching, at the Lighthouse. For she knew that he had turned his head as she turned; he was watching her. She knew that he was thinking, You are more beautiful than ever. And she felt herself very beautiful. Will you not tell me for once that you love me? He was thinking that […]. But she could not do it; she could not say it. Then, knowing that he was watching her, instead of saying anything she turned, holding her stocking, and looked at him. And as she looked at him she began to smile, for though she had not said a word, he knew, of course he knew, that she loved him. He could not deny it. And smiling she looked out of the window and said (thinking to herself, Nothing on earth can equal this happiness) - ”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Mr. e Mrs. Ramsay (não sabemos seus primeiros nomes) tornam possível um diálogo de monólogos nessa passagem. Se o conceito de monólogo interior em si nem se quer pode ser chamado de moderno (alô Homero!) o jogo de comunicação a partir da incapacidade de se comunicar que Virginia propõe aqui é atordoante. Por que? Ora, como pode alguém utilizar a incapacidade de dizer “eu te amo” justamente para trazer à tona a potência de todo o amor inexprimível? Como pode alguém correr tão livremente entre discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre sem jamais permitir que o leitor se perca dentro de um mar de pontos de vista? Como pode alguém encerrar uma parágrafo desta extensão, em que nenhuma palavra foi <i style="mso-bidi-font-style:normal">dita</i>, no momento em que a personagem se atreve a dizer alguma coisa justamente para sublinhar que tudo que havia de essencial a ser transmitido já foi <i style="mso-bidi-font-style:normal">percebido</i>? Como mensurar o tamanho da prova de amor de que somos testemunhas e que faz com que a sempre recalcada e agradável Mrs. Ramsay pense consigo que nada no mundo pode se igualar àquela felicidade?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">É dessa mulher que estamos falando. Desta mulher capaz de mostrar que, se ela se revolta com a vaidade de um Joyce ou com as reclamações de uma Charlotte Brontë, é porque a Literatura existe para que se alcance instantes como este: e há muito tempo que já não se trata de escolher temas grandiosos ou pequenos (ela aprendeu muito bem com Tchekhov e Austen que existe tensão e interesse em <i style="mso-bidi-font-style: normal">tudo</i> que é humano), ou seguir formas testadas e aprovadas por classicistas, românticos, realistas e outros etceteras – é preciso que o artista chegue o mais próximo possível de uma sinceridade que só permita a expressão que é necessária. Sim, esta é uma das autoras mais rigorosas da Literatura. Como afirmou Auerbach, em seu famoso artigo sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal">Ao Farol</i> chamado “A Meia Marrom”, Virginia traz o ato de entrelaçar fios soltos para a produção de uma colcha de retalhos para a sua literatura. Ela estava sempre, em maior ou menor grau, trabalhando a partir desse conceito.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Na dispersão das pequenas evidências do dia ela enxergava a essência que define, problematiza e esconde o indivíduo (como é repetido incessantemente em <i style="mso-bidi-font-style: normal">Mrs. Dalloway</i>: “um dia em sua vida, e nesse dia toda a sua vida”). É a reação grosseira de Mr. Ramsay ao pedido do filho de ir ao farol que joga uma luz trêmula sobre aquela relação estremecida, é a insistência de Mrs. Ramsay em estar sempre ocupada a proporção de sua solidão, é a obsessão de Lilly (a pintora) com seu quadro que nunca fica pronto o único meio que ela encontra de se fazer existir. São os dias perdidos de infância e de coisas que jamais esqueceremos que aconteceram porque elas se tornam aquilo que somos e poderemos ser.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Por mais admiradora que tenha sido de Jane Austen e Tolstoi, Virginia decide-se por essa interiorização da narrativa da qual, aparentemente, ninguém conseguiu escapar no século XX. No caso dela (levando em consideração os dois fracassos criativos que são seus dois primeiros romances – justamente aqueles em que ainda se aventura por um realismo clássico) não resta dúvidas de que esta não é apenas uma escolha intelectual, mas também, e principalmente, sensível e moral. Sensível por ser a forma como sua percepção se dá; moral porque ela <i style="mso-bidi-font-style: normal">sabe</i> que não seria sincero da parte dela escrever de outra forma.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">É essa busca pelo interior, pelo despercebido, pelo escondido que leva Woolf até a maior ousadia que propôs em sua obra ficcional: a segunda parte de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Ao Farol</i> – “O Tempo Passa”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">A casa de verão, que conhecemos cheia de personagens, cheia de vida, está vazia. O verão acabou e não é possível saber ao certo quantos anos se passaram.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language:EN-US">“So loveliness reigned and stillness, and together made the shape of loveliness itself, a form from which life had parted; solitary like a pool at evening, far distant, seen from a train window, vanishing so quickly that the pool, pale in the evening, is scarcely robbed of its solitude, though once seen. Loveliness and stillness clasped hands in the bedroom, and among the shrouded jugs and sheeted chairs even the prying of the wind, and the soft nose of the clammy sea airs, rubbing, snuffling, iterating, and reiterating their questions – ‘Will you fade? Will you perish?’ – scarcely disturbed the peace, the indifference, the air of pure integrity, as if the question they asked scarcely needed that they should answer: we remain.”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">É esta segunda parte a favorita de Woolf. É onde ela toca mais profundamente em toda a impessoalidade temporal que sempre trouxe para suas narrativas. Impessoalidade que aqui se materializa pela escolha de fazer com que o tempo não passe <i style="mso-bidi-font-style:normal">para ninguém</i> a não ser para <i style="mso-bidi-font-style:normal">ele mesmo</i>. Virginia expõe o que significa para o próprio tempo a sua passagem; eleva-o de circunstância a personagem, de advérbio a sujeito. Ele não apenas muda o entorno como se transforma. Como ela mesma diz neste trecho, a visão que temos da casa vazia é como a visão de uma piscina a noite, distante, vista de um trem em movimento, que esvanece tão rapidamente quanto o trem passa. E não seria assim que o próprio tempo enxerga as coisas pelas quais passa e as quais transforma? São estes instantâneos de quando piscamos os olhos enquanto corremos que interessam. São esses milésimos definitivos que devem ser eternizados.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Se só é possível considerarmos qualquer essência quando ela se dá através de uma existência, Woolf faz o grande salto em direção ao abismo do auto-entendimento ao se voltar para aquilo que proporciona a existência de todas as essências; aquilo que torna possível <i style="mso-bidi-font-style:normal">ser</i> também <i style="mso-bidi-font-style: normal">é</i>, e para que assim seja é preciso que <i style="mso-bidi-font-style: normal">se dê</i>. E quando Virginia resolve que não vai mostrar personagens envelhecendo para explicitar como o tempo se dá, mas sim expor toda a pressão que a transformação de hoje em ontem exerce sobre coisas que não podem reagir (as cadeiras cobertas por lençóis, os quartos vazios e empoeirados) é que ela oferece a possibilidade de expressar o puramente concreto através do absolutamente abstrato. E por mais repetitiva que essa escolha pareça (qualquer um pode dizer que os poetas fazem isso há séculos e séculos) é difícil ignorar as consequências que ela provoca na estrutura da Narrativa.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Quando abole personagens, enredo e clímax, Virginia não está acabando com o que conhecemos enquanto romance – está expandindo-o.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Como terminar?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Na terceira parte (“O Farol”) a família Ramsay volta àquela mesma casa. Finalmente concretiza-se a viagem que havia começado a ser planejada tantos anos antes. As ausências são muitas e a maioria das mortes nos foi informada entre parênteses. Do muito que passou quase nada mudou. É quando Lilly resolve voltar ao quadro que, faz tanto tempo, ela começou. É quando Lilly percebe que toda aquela existência na qual foi jogada não se pode transpor para a tela através de linhas realistas, de cores harmônicas, de uma composição sólida. Foi tudo tão transitório, foi tudo tão diluído.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Enquanto observa a família Ramsay finalmente chegando ao farol, Lilly é assaltada por um pulo em seu peito:</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language:EN-US">“But what did that matter? she asked herself, taking up her brush again. She looked at the steps: they were empty; she looked at her canvas: it was blurred. With a sudden intesity, as if she saw it clear for a second, she drew a line there, in the centre. It was done; it was finished. Yes, she thought, laying down her brush in extreme fatigue, I have had my vision." <span style="mso-spacerun:yes"> </span><span style="mso-spacerun:yes"> </span><o:p></o:p></span></p>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-26201355822797068862011-03-25T11:59:00.005-03:002011-03-29T23:16:28.199-03:00O olhar de cada dia<div><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXBLsR__7Ltn80JLecHWR49BkSA1w8P0ZZcNxikV0HN4J8uqW9FLO5a8AZBJbIaJitBUA8uJpZ3H5-lurxk4PBAnMMQVrew0Nf-ZoGh7eHHSxdNpvYCNEN3toynB3S-0yXt1ZNFDUhCdTZ/s1600/theo.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXBLsR__7Ltn80JLecHWR49BkSA1w8P0ZZcNxikV0HN4J8uqW9FLO5a8AZBJbIaJitBUA8uJpZ3H5-lurxk4PBAnMMQVrew0Nf-ZoGh7eHHSxdNpvYCNEN3toynB3S-0yXt1ZNFDUhCdTZ/s400/theo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588033488140434082" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span class="Apple-style-span">Theodoros Angelopoulos é um homem que nunca vou esquecer, porque eu sei que ele nunca se esquecerá de nós.</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Assistir a um filme deste diretor grego, que fez o filme da década na minha opinião (<i>Vale dos Lamentos</i>), é como estar exposto a toda a força devastadora do <i>olhar</i> de Deus, do olho que tudo vê. Amplidão, plenitude, atemporalidade, memória e angústia são as palavras que meu coração balbucia quando penso nesse gênio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Talvez a melhor definição para Angelopoulos seja dada por um de seus personagens: o curador de cinema de <i>Um Olhar a Cada Dia</i> se refere a si mesmo como um "colecionador de olhares esvanecidos". Todo colecionador, é fato, preocupa-se com a preservação de algo - preservação que invariavelmente está a serviço da busca por uma explicação.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Penso ser inevitável para os artistas se debruçarem, eventualmente, sobre aquilo que os guia e os motiva: sua linguagem. Em maior ou menor grau sempre haverá o movimento em direção a meta-linguagem (que é, também, meta-entendimento e auto-conhecimento). É disso que se trata <i>Um Olhar a Cada Dia</i> - a busca Humana, que é sempre uma jornada, por si mesmo (e conseqüentemente pelo todo, nunca o contrário). Harvey Keitel é um diretor a procura de três rolos perdidos que registraram, pela primeira vez, uma imagem em movimento nos Balcãs, ele procura o "first gaze" dos irmãos Manakis. Desdobramento de nosso sempiterno drama: descubramos de onde viemos e, quem sabe, teremos uma visão de para onde estamos indo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Mas se em um homem estão todos os homens (de Ulisses até John Dillinger) a câmera de Angelopoulos se desvencilha daquilo que poderíamos mais facilmente reconhecer como subjetividade e se realiza plenamente como a possibilidade de olharmos por trás do espelho que nos reflete – e ao invés de encontrarmos apenas nosso <i>reflexo</i> encontrarmos a nós mesmos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Antes, dois ou três anos atrás, eu pensava cinema enquanto algo Aparente (se tratava de imagem, não é?), mas redescobrir Bresson, Bressane e me embasbacar com Angelopoulos me evidenciou como eu estava, o tempo todo, diante de uma linguagem absolutamente metafísica. Uma linguagem que se dá, também, entre o entre atos vazio que são os intervalos entre uma sequência e outra, que é capaz de catalisar o efeito de uma cena justamente por <i>escondê-la</i> e que (re)(des)constrói tempo e espaço a partir de um tempo e espaço que deixamos de reconhecer como nosso e como contínuo para participarmos de uma nova combinação dessas dimensões que dão luz ao que poderíamos limitar chamando de Ficção (e fricção).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Tempo. A câmera de Angelopoulos inventa tempo. Ao nunca cortar as sequências em que seus personagens <i>recordam</i> alguma coisa, ele deixa que a lembrança invada seu quadro e traga para dentro dele sua realidade, sem jamais interromper o fluxo que sempre representa o coração pulsante. Só vendo o homem Keitel se transformar na criança de um lar violentando, mas que ainda reclama para si a decência de ter uma fotografia, de ter uma <i>lembrança</i>, foi só ao assistir tal milagre acontecer diante dos meus olhos despreparados que entendi do que é capaz um plano-sequência. Foi na viagem de táxi do início do filme, dos poucos momentos em que o diretor usa cortes mais frequentes, que percebi com que força vem a angústia da mudança de uma imagem que não indica mudança de situação. Foi na chacina de inocentes, que faz o uso mais aterrorizante que já vi do <i>som</i>, que forçosamente doeu em mim o nevoeiro pelo qual a humanidade tem caminhado e por onde tantos tem se perdido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span>Desculpem por ser tão vago, mas ainda hoje sinto meus olhos ofuscados pela lembrança deste filme que vi quase 4 meses atrás. Ofuscado como o branco projetado na tela onde deveria estar o filme dos irmãos Manakis. Contemplando fixamente e me percebendo pasmo. Vagando pelos destroços de uma Europa exausta. Encarando um homem que na falta de um futuro e sendo empurrado violentamente pelo passado não consegue ficar em pé no presente. Percebendo que o peso em suas costas não é tanto de não compreender o que está por vir, mas por reconhecer em si, em cada parte do seu corpo, tudo o que já passou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align: justify;line-height:normal"><span><span class="Apple-style-span">Estamos tão acostumados a nos vermos perplexos quando contemplamos toda a vastidão que existiria se aceitássemos que há um Deus que nos esquecemos de como Deus se veria perplexo ao tentar compreender a caminhada que há séculos a humanidade, tortuosa e belamente, empreende sozinha (?). (!) </span><span style="font-family: Georgia, serif; color: black; "> </span><span style="font-family: Georgia, serif; color: black; "> </span><o:p></o:p></span></p>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-29087377269199884222011-03-14T00:22:00.016-03:002011-03-29T23:16:51.538-03:00John Hughes gostaria de ter assistido<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwFBIjyu2Sw2JXz6Lfo5KpKYr-Ib9kw1Td960JBBU0XT_RgO-llzLtn-yDQocwJKZWWzKjl9rsKOOdgu2LBdlQAVKlVZ6p6QpCYhLuAcQN-jrI5ko_ur4XM0olUWOQMtwDZV1Be1VKfiVH/s1600/adventureland+2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwFBIjyu2Sw2JXz6Lfo5KpKYr-Ib9kw1Td960JBBU0XT_RgO-llzLtn-yDQocwJKZWWzKjl9rsKOOdgu2LBdlQAVKlVZ6p6QpCYhLuAcQN-jrI5ko_ur4XM0olUWOQMtwDZV1Be1VKfiVH/s400/adventureland+2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5583786153126588546" /></a><div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; "><span style="font-size: 12pt; font-family: Georgia, serif; color: black; "><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; "><span style="color: black; "><b>Esse texto é uma urgência:</b></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Greg Mottola é o mais novo descendente de Marcel Proust que conheci.</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Assistir <i>Adventureland</i> (<i>Férias Frustradas de Verão</i>) apenas sublinha que em <i>Superbad,</i> além do envolvimento afetivo de Seth Rogen, Evan Goldberg e Judd Apatow, havia um grande homem de Cinema que transformou aquele amontoado de lembranças de escola em uma definição sensivelmente precisa do que é Amizade.</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Não desconsidero em hipótese alguma o talento e a criatividade do trio Apatow, Rogen e Goldberg para a concepção de um universo <i>narrativo/temático </i>(<i>O Virgem de 40 Anos</i>, <i>Ligeiramente Grávidos</i> e <i><span></span>Tá Rindo de Que?</i> merecem muito mais respeito do que recebem de fato), mas quando parei pra pensar sobre quem eu deveria escrever um texto não tive dúvidas de que a resposta era Greg Mottola.</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Se em <i>Superbad</i> o diretor teve que lidar com material e memória alheios (o roteiro, e as lembranças, eram de Rogen e Goldberg), em <i>Adventureland</i> ele se lança a reconstrução, memorialista e estética, do seu próprio passado, ou, como ele mesmo diz, do pior verão de sua vida (nesse caso o final dos anos 80, quando ele teve que trabalhar num parque de diversões) - o que parece abrir portas para a exploração mais intensa de sua identidade autoral. Não nos precipitemos, jamais se trata da "descoberta" de um estilo mas sim do aprofundamento daquilo que era pulsante em <i>Superbad. </i>E creio ser impraticável falar deste estilo que já era pulsante sem mencionar o uso de um recurso que pode ser tão facilmente banalizado (e que é tão sinceramente louvado por Mottola): o campo/contracampo.</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Quem prestou atenção na sequência final de <i>Superbad </i>(só pra citar a mais óbvia) sabe do que eu estou falando: o homem é um cirurgião/poeta na edição e na montagem dos planos que constituem a cena; e raras vezes senti ser tão verdadeira a premissa de que uma sequência não é apenas ela n'ela mesma mas também aquilo que a precede e que a sucede. Peguemos dois exemplos: James, o protagonista, se empolga narrando uma corrida de cavalos de mentira no posto que ocupa em seu novo pior emprego de todos os tempos - é, provavelmente, a primeira cena em que sentimos franca afeição pelo personagem e sua situação e é, justamente, a cena escolhida para apresentar o personagem à futura garota de seus sonhos que conhecemos em um único contracampo guardado para o final da sequência, em que Em (a garota dos sonhos) sorri e observa James que se surpreende tanto quanto nós por ter sido capaz de despertar o interesse de alguém apresentado de maneira tão interessante (a elipse sempre vai ser essencial para o fascínio que Em exerce nele e em nós). Mais adiante Em leva James de carro para a casa dele; Mottola se propõe o velho e complicado campo/contracampo do silêncio que evidencia uma tensão amorosa. Ele sabe muito bem que se aquela sequência não convencer o espectador a respeito do efeito que uma garota como Em tem na vida de um garoto como James nada mais irá funcionar em seu filme (narrativa e esteticamente); como resolver? Primeiro, planos curtos de campo/contracampo (James olha de soslaio para Em), depois planos mais curtos de James e mais longos e próximos de Em, por fim um close longuíssimo (quando comparado com os outros planos da sequência) de Em que deixa claro um dos grandes encantos que a montagem é capaz de produzir: a dilatação do tempo e a concentração do espaço (só existe Em durante um tempo que não se pode definir cronologicamente - esse tipo de ressignificação de tempo e espaço aponta para a capacidade do diretor de conceder ao tom realista de seu filme aquele ar de invenção onírica tão próprio da lembrança).</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Dizer que Mottola respeita e ama o tema de que trata já me parece dispensável - mas, diferente dos talentosos e interessantes Apatow, Rogen e Goldberg, ele consegue transformar a admiração por um universo temático em universo estético. Na valorização do clássico (o uso que ele opta por fazer do campo/contracampo) e nas pequenas grandes ousadias (como o close inicial em James que já deixa claro que estamos diante de um rapaz destinado a sofrer), Mottola expande tudo que já era por demais bonito e instigante em <i>Superbad</i> e faz aquilo que um bom memorialista deve ser capaz de fazer: mostrar que a experiência pessoal de um também é (sem nunca ser exatamente) a experiência pessoal de todos. Dominando o que já foi feito ele consegue mostrar aquilo que Ele é capaz de fazer, fazendo parecer possível (temática, estética e sensivelmente) o diálogo conturbado entre estilo e reinvenção (entre o que há dos outros em "mim" e o que "eu" posso oferecer aos outros de "meu").</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; "><br /></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; ">Notinha: Faz uns 2 anos Greg Mottola me fez ter vontade de escrever sobre a importância da Imaturidade para arte. Para não cair na cilada de endeusar a juventude (da forma como alguns endeusam a velhice) digo: Que bom que existem as duas pontas, que doloroso que nada possa ser vivido duas vezes, que lindo que mesmo sabendo disso pessoas como Mottola, ao invés de se retraírem em um casulo de melancolia e distanciamento, insistam em recriar o que passou achando nessa revisitação a criação do Novo que finca os pés no passado e os olhos no céu. Que lindo.</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal; "><br /></p></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiah-4ehbsTTWxMd9hK06-iWTrgdDYu-s8ev0WMDRq4Dvx_0R6QAhg1tESW8RDGqeGiJcbUB2xJGBzQpiAvI9bxdPH8UnNFaXeUMga6eEfa6PAWeXNkqQQgwAyMQ_Fy60P7jm2zX4RyYO1f/s1600/Adventureland_S2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 221px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiah-4ehbsTTWxMd9hK06-iWTrgdDYu-s8ev0WMDRq4Dvx_0R6QAhg1tESW8RDGqeGiJcbUB2xJGBzQpiAvI9bxdPH8UnNFaXeUMga6eEfa6PAWeXNkqQQgwAyMQ_Fy60P7jm2zX4RyYO1f/s400/Adventureland_S2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5583785926369966578" /></a> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-60724134082586850342011-03-05T13:47:00.008-03:002011-03-29T23:17:21.542-03:00O rigor de Natalie Portman<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2g6NDkmzFLR5QhKiubf07Fwm4TDLrcax_dlZijVSm6vxSzzsQbCdPINg15Edjd50M0_WgkSGekQTHlyRo2Uc7wFmIzSuBWo7DRI_0nYNetPw6eITjzM-z5MtIYNXsCuMeSAa2-pz0sspk/s1600/black-swan-original.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2g6NDkmzFLR5QhKiubf07Fwm4TDLrcax_dlZijVSm6vxSzzsQbCdPINg15Edjd50M0_WgkSGekQTHlyRo2Uc7wFmIzSuBWo7DRI_0nYNetPw6eITjzM-z5MtIYNXsCuMeSAa2-pz0sspk/s400/black-swan-original.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5580655025278890114" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com o tempo fui me desacostumando a levar em conta o trabalho do Ator no cinema e me acostumei a pensar que a excelência de uma interpretação em um filme dependia tanto do ator quanto do diretor. Transformei, assim, o ator em mais um dos indícios da identidade autoral do diretor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fazer com que eu repensasse essa questão foi a maior contribuição que <i>Cisne Negro </i>me ofereceu. Dos filmes de Darren Aranofsky o que eu mais gostava era <i>Pi</i> (e penso que ele ainda era o "favorito" por tê-lo assistido a quase 5 anos atrás, quando eu ainda simpatizava com o diretor), da apelação sem limites de <i>Réquiem Para um Sonho</i> até o desastre de <i>A Fonte da Vida</i> não ficou quase nada na minha memória. De <i>Cisne Negro</i> sei que tem algo que nunca vou me esquecer, e é a bailarina de Natalie Portman.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não pretendo excluir totalmente Aranofsky da concepção da personagem (afinal não posso <i>saber</i> como se deu a preparação da atriz), mas levando em consideração a falta de rigor do diretor ao filmar a queda de Nina não consigo identificá-lo como um dos principais responsáveis pelo Rigor e Vigor com os quais Portman representa sua personagem (usando a idéia de rigor e vigor de que Ronaldo Passarinho fala em seu texto sobre <i>Cisne Negro</i>).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nem o interessante trabalho de som do filme, nem os melhores momentos de direção e de montagem (como a cena da masturbação e o espetáculo final), superam o trabalho de corpo, de espírito e de técnica da atriz na construção da percepção estética de uma personagem que não aceita nada menos do que a <i>perfeição: </i>e não deixa de ser irônico assistir a um filme sobre a obsessão pela excelência e pelo domínio de uma técnica que é vítima de severas limitações do seu diretor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Assim, se tivesse que apontar um Autor nesse filme seria Natalie Portman. Pois é, <i>Se tivesse - </i>mas uma vez sou levado a reconsiderar o que é indispensável para uma obra, ou o que é o Autor em uma obra, ou o que faz dela um obra <i>una</i>, ou se é necessário que a obra seja una ou como deve ser uma crítica sobre uma obra e o que é necessário que se leve em conta para avaliá-la. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em <i>Cisne Negro</i>, por exemplo, creio ser essencial que a performance de Portman seja cuidadosamente observada para que se possa desfrutar o que de melhor o filme tem a oferecer - quanto a Aranofsky, ele geralmente não fica no caminho daquilo que realmente proporciona a fruição estética de seu filme e, algumas vezes, chega a <i>contribuir</i> de fato com o mergulho no abismo da personagem que a narrativa propõe, sem nunca se igualar, no entanto, a capacidade de mimetizar e expandir o lado mais sombrio daquela aparentemente frágil bailarina que Natalie Portman tão Rigorosamente alcança. </div>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5494757762469141652.post-4694342925432357932011-02-21T22:38:00.004-03:002011-03-29T23:17:58.710-03:00Confronto, não conforto<p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Identificar o estilo e o espírito de um autor em uma obra de arte é muito confortável. Afinal, se é um “autor” da forma em que geralmente o concebemos poderemos confirmar algumas de suas tendências que já podiam ser observadas em trabalhos anteriores e notar o que ele propõe de Novo em termos de linguagem (no sentido daquilo que ainda não havia sido experimentado <i style="mso-bidi-font-style:normal">por ele</i>). Assim, deparar-se com um filme ou um livro em que podemos conciliar tanto a confirmação de uma forma quanto o constante auto-desafio em levar esta forma a novos limites para não transformá-la em fôrma é o sonho de qualquer um que se interesse pôr escrever sobre arte.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Mas os sonhos (a idéia de ideal) existem, talvez, para nunca serem alcançados. “Only fools are satisfied”, não é isso? Acontece, então, de haver muitas obras em que não há o que poderíamos chamar de equilibro perfeito entre identidade autoral e desafio <i style="mso-bidi-font-style:normal">formal</i>. Entre um extremo que se estabelece tendo por base a constância (o estilo autoral propriamente dito) e outro que tem sua existência condicionada ao incessante <i style="mso-bidi-font-style: normal">movimento</i> (o ímpeto de <i style="mso-bidi-font-style:normal">desafiar a linguagem</i>) está o artista; e não se trata de <i style="mso-bidi-font-style: normal">exigir</i> uma postura sempre equilibrada diante da harmonização de pólos tão díspares (tenho cada vez mais me interessado justamente pelo conflito que surge desse paradoxo), trata-se, isso sim, de <i style="mso-bidi-font-style: normal">observar</i> e <i style="mso-bidi-font-style:normal">refletir</i> sobre como estas duas forças criativas se relacionam e dão luz àquilo que vem a ser a obra.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Agora chego a uma das obras que me fez pensar mais cuidadosamente essa questão: <i style="mso-bidi-font-style: normal">Além da Vida</i>, novo filme de Clint Eastwood. Tiremos de uma vez as informações do caminho: é um filme dividido em três núcleos narrativos; o de um homem que é capaz de falar com os mortos, o de um menino que perde seu irmão gêmeo em um acidente e o de uma jornalista que passa por uma experiência de quase-morte. Eu considero, para o bem e para o mal, Clint Eastwood um dos grandes autores do cinema; é incontornável, portanto, que ao assistir algum novo filme seu eu sempre procure identificar aqueles traços estilísticos (o que se vê) e espirituais (o que não se vê mas está lá) com os quais me habituei. No caso de Eastwood, no entanto, tenho identificado algo como um fenômeno em seus trabalhos mais recentes: depois de sua morte em <i style="mso-bidi-font-style: normal">Gran Torino</i> (morte de um personagem, de um universo) já houveram três filmes em que a figura física do cavaleiro solitário está ausente – ausência que era puramente material em <i style="mso-bidi-font-style:normal">A Troca</i> (o espírito de Eastwood está em cada fotograma daquele filme, vale sempre lembrar), que é palpável e prejudicial em <i style="mso-bidi-font-style: normal">Invictus</i> (um filme que parece ter sido feito a distância) e que é intermitente neste <i style="mso-bidi-font-style:normal">Além da Vida</i>.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Intermitente por que? Voltamos a questão do início desse texto. Eastwood tende a ser acusado de certa burocracia em seu trabalho; um velhinho que faz tudo como manda o figurino e não se permite escapar de uma receita que o precede em muitos anos e da qual se serve minuciosamente para obter algum êxito. Eu discordo totalmente dessa visão. O homem responsável por <i style="mso-bidi-font-style:normal">Cartas de Iwo Jima</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">A Conquista da Honra, Menina de Ouro</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">Gran Torino</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal">e</i> <i style="mso-bidi-font-style:normal">A Troca</i>, este homem eu o vejo como um gênio. Gênio por compreender de forma tão serena a selvagem disputa entre a constância contínua da marca autoral e o movimento incessante de desafiar uma linguagem de que falo acima, e por usar a favor de seus filmes o que de melhor cada uma dessas forças é capaz de oferecer. Se cada vez mais me convenço de que essa compreensão emocional/técnica se esvaiu em <i style="mso-bidi-font-style: normal">Invictus</i>, fico perplexo diante da potência com a qual ela volta em alguns momentos de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Além da Vida</i>, e como subitamente ela se esconde ou, em algumas seqüências, desaparece.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Curiosamente cada um dos núcleos narrativos desse filme corresponde a um nível de força autoral eastwoodiana: quando assistimos a história do homem que fala com os mortos esta força autoral é esmagadora, quando se trata do menino que perde o irmão ela é dispersa e quando acompanhamos a jornalista que morreu e voltou ela nos abandona.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Mas como é possível isso? Como UM filme, por mais que sub-dividido em três, pode sofrer dessa crise de personalidade? Principalmente quando além de dirigido ele é produzido por um homem que é reconhecido enquanto Autor? Resposta mesmo eu não vejo (pelo menos não uma resposta baseada em “fatos”), mas fui levado a algumas conjecturas. Os três protagonistas de <i style="mso-bidi-font-style:normal">Além da Vida</i> não apenas tiveram sua vida tocada pela morte, tiveram sua existência temporariamente suspensa por ela. São pessoas que não conseguem se recuperar do contato avassalador que tiveram com o momento em que algo cessa para sempre. Logo, são solitários, logo estão nas trevas, logo deveriam ser perfeitos para um filme de Clint Eastwood. E são, é só lembrar de uma seqüência exemplar: quando o personagem de Matt Damon (o paranormal) leva sua colega de curso de cozinha para jantar na sua casa o diretor investe naquilo que é seu forte estilístico - a simplicidade. Ao saber que o rapaz é capaz de falar com os mortos, a moça pede que ele tente se comunicar com alguém próximo a ela que já morreu; ele resiste mas acaba cedendo (avisando insistentemente que uma vez que eles façam aquilo não haverá mais volta); ele consegue se comunicar com os pais da moça; algo terrível do passado dela vem à tona; ela vai embora. Escolhendo uma câmera fixa (que no fim da seqüência gira em seu próprio eixo) Eastwood dá vazão a todos os sentimentos em jogo: a decida em direção ao passado; o perceber-se cercado pelas trevas de algo terrível; a ânsia de voltar para a luz, para a vida que se tinha antes desta ter sido tomada pela escuridão; a desesperadora conclusão da impossibilidade de voltar atrás. São conflitos densos e seria fácil perder-se no seu registro ou mesmo simplificá-los – mas a sobriedade sensível de Eastwood não permite que nenhuma das duas coisas aconteça. Movimentando a moça dentro do apartamento do paranormal, fazendo com que ela oscile entre a “luz” (o corredor de entrada que está todo iluminado) e a “escuridão” (a sala, onde o paranormal realiza o contato com os mortos e que está com as luzes apagadas), estando consciente do tanto que pode ser feito apenas ao explorar o espaço cênico e os recursos de iluminação e câmera Eastwood tira da cena tudo o que ela tinha a oferecer.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">E qual é o problema da narração dos outros personagens? Enquanto na história do menino que perde o irmão percebo a preguiça de um autor acomodado (mas ainda autor), quando se trata da jornalista me surpreendo com o que temo, mas não posso evitar, chamar de <i style="mso-bidi-font-style:normal">desleixo</i>. Com exceção de uma cena (a morte que a jornalista assiste ao visitar um centro que pesquisa experiências de quase-morte) tudo me parece puramente informativo e raso. Os conflitos da personagem são simplificados (nem sombra da densidade dramática do núcleo narrativo do paranormal) e as mudanças que ocorrem em sua vida são introduzidas como ilustrações de um livro que ao invés de enriquecerem as palavras de que já dispúnhamos as empobrecem, ou as tornam desnecessárias (maior exemplo é a troca de outdoors, ou o diálogo no restaurante em que a personagem é <i>informada</i> de que foi substituída em todos os sentidos). As partes do filme destinadas a esta vertente do roteiro não apontam nem um autor inquieto nem um autor acomodado, simplesmente não apontam para autor nenhum; não me instigam a nada.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">É, de novo a pergunta é incontrolável: mas como pode isso?! De novo digo que não sei; mas (ha! Como é chato e necessário fazer ressalvas quando falamos de arte) me sinto provocado por essas obras que não são <i style="mso-bidi-font-style:normal">domadas</i> a primeira vista (quem pode ter certeza do que uma revisão é capaz de mudar?), ou que não se enquadram em todas as pré-concepções que eu tinha de Autor, de unidade ficcional e de identidade estética. Uma parte de mim acha bom que eu não consiga dizer se um filme como <i style="mso-bidi-font-style:normal">Além da Vida </i>é bom ou não. E eu inteiro fico excitado pela enésima prova que tenho de que não há sistema que dê conta de tudo (neste caso chamo sistema a velha e boa “política de autores” que muito me ajuda e muito me deixa na mão), e que o juízo de valor, sozinho, não é nada mais do que uma forma de colocar artistas e obras em competição, como se fossem cavalos de corrida.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i style="mso-bidi-font-style: normal">Além da Vida</i> só evidenciou o problema. Se Deus quiser não me livro dele tão cedo.</p>Felipehttp://www.blogger.com/profile/15442031234608703870noreply@blogger.com2